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Opinião:

Aos poucos ando a perder o medo dos clássicos, e este foi mais uma óptima surpresa.
O único ponto contra é ele ser tão curtinho, apenas 90 páginas, só por isso é que não consegui dar-lhe mais do que 4 *.

 

Mesmo sendo tão pequeno, o receio de encarar a escrita de Lev Tolstoi tomou conta de mim, mas aos poucos fui entrando na leitura e apreciei bastante satisfeita o ponto de vista deste (pequeno) romance.

 

Ivan Ilitch é um burocrático ambicioso, tal como a maioria da aristocracia da época, que usam e abusam das vantagens de um Rússia corrupta ainda na era burocrática do tempo dos Czares.
Aquilo que hoje em dia apelidamos de "cunhas" é bem demonstrado neste livro, os cargos passam de pais para filhos, quanto maior for a influência maior é o cargo, os benefícios e regalias financeiras, tudo para poder ostentar perante a sociedade uma vida de luxos.

 

Mas até que ponto o ser humano é feliz com este modelo de vida? Esta é a questão que perturbar Ilitch, quando ele começa a perder o bem mais precioso do ser humano, a sua saúde...
Tolstoi descreve com toda a frieza a intensidade do sofrimento físico de Ilitch, a indiferença da sua família e amigos, que como abutres só têm interesse que ele morra o mais breve possível para poder ocupar o seu cargo.
Ivan Ilitch vai percorrer toda a sua vida e escolhas enquanto definha no seu leito de morte, será que as boas ações serão capazes de superar as más recordações?

 

Esta leitura fez-me compreender que todos devemos levar uma vida que nos faça feliz e o mais digna possível, independentemente das (muitas) vozes contra, pois só assim quando a morte nos chamar poderemos ter a certeza de que a nossa vida fez algum sentido.

 

"E só ele o sabia; os que o rodeavam não compreendiam ou não queriam compreender e imaginavam que no mundo tudo corria como dantes. Era precisamente o que mais atormentava Ivan Ilitch."

 

"Eu, eu deixarei de existir, mas que haverá então? Nada. Mas onde estarei, quando deixar de existir? É na verdade a morte? Não, não quero." (...) "A morte. Sim é a morte. E todos eles, que não sabem, que não querem saber. Divertem-se (ouvia através da porta o falatório, cantorias). Não lhes importa, mas hão-de morrer também. Imbecis! Vou primeiro, mas em seguida será a vez deles. Lá chegarão. Mas agora divertem-se, os estúpidos animais."

 

"O médico dizia que os sofrimentos físicos de Ivan Ilitch eram terríveis, e falava verdade; mas os seus sofrimentos morais eram ainda mais horríveis do que as suas dores físicas, e eram eles que sobretudo o torturavam."

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publicado às 18:00


2 comentários

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Sandra Santana a 24.03.2018

Li este livro o ano passado e gostei muito, principalmente por tudo o que nos faz questionar em relação à forma como vivemos e as escolhas que fazemos mesmo que a nossa realidade seja bem diferente da de Ivan. É um livro pequeno, fácil de ler mas com muito sumo. :)
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Tânia Tanocas a 01.04.2018

É bem verdade Sandra, acho que é um livro para se reler várias vezes... Tenho a certeza que haverá sempre uma nova impressão a cada releitura e o facto de ser pequeno ajuda bastante...
Tinha algum receio com a escrita do autor, mas surpreendeu-me bastante...
Beijokas e boas leituras...

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