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Opinião:

Pelas minhas contas já li 7 livros desta autora e mais uns quantos por ler, todos eles com uma média de 4⭐, desde o primeiro momento em que a descobri que decidi ler tudo o que houvesse publicado e este também não desiludiu.

 

Uma estória que envolve justiça em prol da ambição, gostei bastante do enredo e senti imensa empatia com os personagens. É engraçado, acho que é a autora mais antiga (que eu leio) a utilizar a forma de capítulos curtos, parece que a estória flui mais rápido e a vontade de avançar na narrativa é sempre constante.

 

Um dos pontos negativos, foi a quantidade de personagens, por vezes senti-me um pouco baralhada com o "quem é quem", mas não posso negar que foi um final que jamais imaginaria...

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publicado às 09:00

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Opinião:

Aos poucos ando a perder o medo dos clássicos, e este foi mais uma óptima surpresa.
O único ponto contra é ele ser tão curtinho, apenas 90 páginas, só por isso é que não consegui dar-lhe mais do que 4 *.

 

Mesmo sendo tão pequeno, o receio de encarar a escrita de Lev Tolstoi tomou conta de mim, mas aos poucos fui entrando na leitura e apreciei bastante satisfeita o ponto de vista deste (pequeno) romance.

 

Ivan Ilitch é um burocrático ambicioso, tal como a maioria da aristocracia da época, que usam e abusam das vantagens de um Rússia corrupta ainda na era burocrática do tempo dos Czares.
Aquilo que hoje em dia apelidamos de "cunhas" é bem demonstrado neste livro, os cargos passam de pais para filhos, quanto maior for a influência maior é o cargo, os benefícios e regalias financeiras, tudo para poder ostentar perante a sociedade uma vida de luxos.

 

Mas até que ponto o ser humano é feliz com este modelo de vida? Esta é a questão que perturbar Ilitch, quando ele começa a perder o bem mais precioso do ser humano, a sua saúde...
Tolstoi descreve com toda a frieza a intensidade do sofrimento físico de Ilitch, a indiferença da sua família e amigos, que como abutres só têm interesse que ele morra o mais breve possível para poder ocupar o seu cargo.
Ivan Ilitch vai percorrer toda a sua vida e escolhas enquanto definha no seu leito de morte, será que as boas ações serão capazes de superar as más recordações?

 

Esta leitura fez-me compreender que todos devemos levar uma vida que nos faça feliz e o mais digna possível, independentemente das (muitas) vozes contra, pois só assim quando a morte nos chamar poderemos ter a certeza de que a nossa vida fez algum sentido.

 

"E só ele o sabia; os que o rodeavam não compreendiam ou não queriam compreender e imaginavam que no mundo tudo corria como dantes. Era precisamente o que mais atormentava Ivan Ilitch."

 

"Eu, eu deixarei de existir, mas que haverá então? Nada. Mas onde estarei, quando deixar de existir? É na verdade a morte? Não, não quero." (...) "A morte. Sim é a morte. E todos eles, que não sabem, que não querem saber. Divertem-se (ouvia através da porta o falatório, cantorias). Não lhes importa, mas hão-de morrer também. Imbecis! Vou primeiro, mas em seguida será a vez deles. Lá chegarão. Mas agora divertem-se, os estúpidos animais."

 

"O médico dizia que os sofrimentos físicos de Ivan Ilitch eram terríveis, e falava verdade; mas os seus sofrimentos morais eram ainda mais horríveis do que as suas dores físicas, e eram eles que sobretudo o torturavam."

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publicado às 18:00

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Opinião:

Agatha Christie e Poirot nunca me desiludem, balançada por ser uma das histórias mais famosas e lidas da escritora, decidi enveredar por esta viagem. Mistério, suspense e muita astúcia do princípio ao fim. 

 

Como em todos os livros lidos da Agatha, nunca consigo descobrir o culpado e este não foi diferente, muitos suspeitos (pelo menos 12 pessoas de várias nacionalidades e idades), aparentemente sem nenhum motivo, com álibis aceitáveis e ainda com a ajuda de estarem parados e encurralados no comboio devido a uma tempestade de neve, que em nada ajuda na resolução e confirmação do caso.

Só mesmo Poirot, que por puro acaso se encontra no expresso do oriente poderá desvendar toda a situação. 

 

A única coisa que temos a certeza é que um passageiro é deixado vivo na sua cabine e encontrado morto, tudo o resto é mistério e pura especulação. 

 

Gostei de todo o desenvolvimento do livro, cada passageiro é interrogado individualmente, todas as hipóteses vão sendo exploradas e confrontadas, mas, apesar de arrojado e fora do normal, não gostei lá muito do desfecho, acho que o facto de ter referências a um caso antigo (que eu desconhecia) afectou o meu acompanhamento da leitura... 

 

"-Meu amigo, quando se quer apanhar um coelho, mexe-se-lhe na toca. Se ele estiver ali, foge, com certeza. Foi o que fiz." 

 

Certamente irei continuar a ler Agatha Christie até poder eleger o meu favorito. 

E para vocês, qual é o melhor livro da autora? 

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publicado às 11:00

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Opinião:

Depois do prazer que foi ler "Uma Praça em Antuérpia" (nunca me cansarei de repetir que foi através dele que conheci (verdadeiramente) Aristides de Sousa Mendes), não hesitei em ler este livro logo que soube do seu lançamento, Luize Valente está encaixada naquele núcleo restrito de autores que irei acompanhar sem precisar de qualquer opinião ou marketing comercial...

 

Gosto da escrita da autora, aquele ondular entre passado e presente, o emaranhado de situações que em determinado momento se interligam surpreendentemente de alguma forma, sempre com enredos fantásticos, ampliando o conhecimento com os factos históricos que apresenta e (até ao momento) tem apostado na minha temática favorita, quando se tem os ingredientes favoritos sem dúvida que teremos uma receita infalível.

 

Este livro não foi diferente, uma mistura de ficção e realidade, personagens fictícias, mas com factos bem reais. "Em 2015, a autora conhece Maria Yefremov, sobrevivente do Holocausto, já com mais de 100 anos de vida e lúcida, deu à luz uma menina, no chão de um barracão imundo em Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. O bebê foi retirado imediatamente depois do parto. Dona Maria nunca mais viu ou ouviu falar da filha". Este é um dos fios condutores do livro, que nos vai fazer chegar a Amália e Haya, duas desconhecidas que têm tanto em comum.

 

Amália, filha de mãe portuguesa e pai alemão, descobre acidentalmente o passado renegado do pai, uma bisavó que ainda é viva, a residir na Alemanha... Curiosa pela forma como o pai é intransigente em contactar com a avó (mesmo demonstrando estar numa idade e saúde frágil), ela mesma parte em direcção ao passado e decide conhecer Frida. Aquilo que Amália descobre vai muito além daquilo que imaginava, enveredando assim por uma busca à muito caída no esquecimento.

 

E é assim que vamos enveredar por segredos obscuros, que aos poucos vão sendo resgatados e formar contornos que tanto têm de hediondos como de esperança.

 

Com uma óptima cronologia histórica dos judeus romenos e húngaros, adorei conhecer o caminho da família de Haya, percurso elaborado de forma impecável, com bastantes factos históricos que desconhecia e que foram introduzidos de forma a não "maçar" o leitor. Factos que parecem (aos olhos de qualquer ser civilizado) insólitos e despropositados, mas que destruíram muitas famílias, muitas comunidades dizimadas, muito sofrimento infligido, físico, psicológico e também nas almas daqueles seres humanos, que só queriam compreender o porquê de tanto ódio, o porquê de serem tratados pior do que animais. Tantas perguntas e no fim nenhumas respostas!...

 

No final, quando parecia já não haver mais nada para desvendar, surge uma nova revelação, e vou de tal maneira embalada na história que quando chego à última página e não há mais nada, fico completamente frustrada, sabem aquela sensação de estarem a caminhar apressados e de repente caem num buraco, pois foi mesmo assim que me senti, literalmente sem chão...

 

Não gosto nada de ficar em suspense com os finais dos livros, podem por vezes (na maioria) não ter o final que desejava, mas têm que ter uma conclusão, neste caso fiquei em suspenso, acho que a história fantástica que acabava de ler merecia um final diferente e não tão "mexeruca"...

ATENÇÃO O PRÓXIMO PARAGRAFO PODE CONTER SPOILERS:
Queria mais respostas, queria saber o que Friedrich Schmidt escreveu naquelas folhas, queria que Amália confrontasse o pai com a descoberta da verdade, queria saber se a própria Amália conseguiria seguir em frente sabendo o seu passado...
Enfim, talvez o problema tenha sido meu e não percebi o sentido daquele final...

 

A autora diz que existe ainda uma misteriosa ligação deste novo romance com o anterior, já li "Uma Praça em Antuérpia" à dois anos e infelizmente não consegui encontrar o tal fio condutor, mas fiquei bastante curiosa, para saber qual será...

Também achei pertinente a Sonata "fictícia" que o maestro e sobrinho da autora, António Simão, compôs para este livro, com toda a certeza que se enquadrou muito bem e bastante sentimental...

Dêm também uma espreitadela ao site da autora aqui, está muito bem executado e já agora aproveito para dizer que adoro a capa portuguesa em vez da brasileira...

 

Como costumo dizer, há-de vir (muito em breve) o tempo em que a memória viva do Holocausto padecerá para sempre, por isso é óptimo que surjam estes livros para que nunca ninguém se esqueça do inesquecível...

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publicado às 17:00

"Hiroshima" de John Hersey - Opinião (5/2018)

por Tânia Tanocas, em 22.01.18

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Opinião:
O mundo ainda estava a conhecer as atrocidades do regime nazi, quando também os Estados Unidos decidiram mostrar a sua" força" e o desamor para com o ser humano...

 

6 de Agosto de 1945 - 08h:15m - Hiroshima ➡ Sobre a sétima cidade mais importante do Japão a 580 metros acima do centro de Hiroshima uma bomba de urânio 235 explode. Dos 350 mil habitantes estima-se que perto de 189 mil pessoas tenham morrido.
9 de Agosto de 1945 - 11h:02m - Nagasaki ➡ Cidade com 250 mil habitantes, uma bomba de plutónio 239 falha o alvo e cai na periferia, mesmo assim consegue devastar perto de 103 mil pessoas.
Estes são os factos cronológicos e científicos.

 

O que encontramos neste livro vai muito mais além, são a compilação de seis relatos de habitantes de Hiroshima reunidos pelo repórter de guerra John Hersey (vencedor do prémio Pulitzer de 1944). Seis pessoas aleatórias foram escolhidas, não pelo seu dramático depoimento e sobrevivência, mas simplesmente pela qualidade dos seus testemunhos. "A bomba atómica matou cem mil pessoas e estas seis contavam-se entre os sobreviventes. Ainda se interrogam por que sobreviveram elas quando tantas outras pareceram."

 

Gostei bastante de conhecer estes relatos, quem por ventura achar que este é um livro lamechas está enganado, este é um depoimento cru e duro, tal como a verdade de quem os viveu, o descrédito e o desamparo daquelas pessoas são tão angustiantes que para nós (vivendo em pleno século XXI) até parece sub humano tais relatos.

Achei que esta edição poderia eventualmente conter algumas imagens para nos elucidar dos acontecimentos e sobreviventes.

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É triste pensar que tantas pessoas sofressem para que uma nação pudesse fazer deles cobaias, mas infelizmente é essa a ideia que cada vez mais prevalece.
72 anos depois o ser humano teima em não aprender nada com a história, apenas prevalece o egocentrismo, a luta pelo poder e a descrença num futuro onde reine a paz.

"Com base nas investigações das últimas décadas, mesmo os ensaístas universitários americanos chegam cada vez mais claramente a uma conclusão: as bombas de Hiroshima e Nagasaki foram uma demonstração estratégica de força, dos Estados Unidos contra a URSS, na luta pela supremacia mundial."

 

No final desta leitura fiquei com uma questão por responder: Porque Hiroshima e Nagasaki não ficaram isoladas, tal como aconteceu em Chernobyl? Respostas que surgiram na pesquisa que fiz. Achei as respostas aqui...

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publicado às 18:00

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Opinião:

Se no primeiro livro, "Canção de Embalar de Auschwitz", Mário Escobar utiliza uma escrita dura e crua, neste segundo livro apresenta-se com uma escrita poética e emocionante, com muitas frases e passagens que nos faz reflectir sobre o que realmente importa ao ser humano, sobre o que somos e o que queremos verdadeiramente para o nosso presente e futuro. 

 

Lembrei-me várias vezes do livro de Joseph Joffo,"Um Saco de Berlindes", porque também aqui vamos enveredar pela viagem e sobrevivência de dois irmãos (Jacob e Moisés) que procuram insistentemente voltar a reunir-se com os progenitores.

 

A acção passa-me na França, um país livre e que ninguém acreditava que fosse ocupado pelo regime nazi, inicialmente o autor faz referência ao Velódrome d'Hiver, que já referi aquando da leitura do livro "Chamava-se Sara" de Tatiana de Rosnay, onde várias judeus foram amontoados enquanto esperavam ser deportados para campos de trabalho.

 

Jacob assume o papel perfeito de irmão mais velho, uma posição ingrata já que também ele deveria estar a desfrutar da sua infância. 

 

Encontramos situações divertidas, de pânico, mas acima de tudo deparamos-nos com pessoas de coração grande, que irão fazer com que a nossa crença e esperança no ser humano não seja toda generalizada de que são só maus a prosperar neste mundo louco. 

 

Uma parte verídica e desconhecida para mim foi conhecer a aldeia e os habitantes de Le Chambon-sur-Lignon, uma aldeia afastada de França, uma montanha secreta, que se uniu contra tudo e todos para acolher judeus, um dos últimos lugares da Europa onde as pessoas continuavam a ser simplesmente pessoas e os seres humanos podiam viver em harmonia. Também desconhecia que a Argentina foi um dos países que acolheu mais judeus, convertendo-se numa terra de promissão para eles. 

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Vista geral de Le Chambon-sur-Lignon antes da II Guerra

 

São muitas histórias e factos cronológicos que este livro nos oferece, acima de tudo é uma óptima homenagem feita pelo autor aos milhares de pessoas que percorreram a Europa na esperança de uma mão amiga que os ajudasse a sobreviver. "Quero prestar a minha mais sentida homenagem a todos aqueles que ficaram pelo caminho, que nunca chegaram a ver os seus sonhos realizados, mas que tentaram." 

 

"A solidão era ainda mais profunda quando o coração encontrava o caminho das lembranças."

 

"Não tinham muito dinheiro, mas tinham-se uns aos outros. Não há maior riqueza do que o amor, mas, quando o carinho se desvanece pela terrível força do destino, a miséria do desamor converte as pessoas em sombras de si próprias."

 

"O pior amigo da verdade é o silêncio, a pior mentira do mundo é que as pessoas comuns não podem fazer nada contra a tirania."

 

"Talvez este mundo esteja cada vez mais louco, mas encontrarão sempre boas pessoas nele. Há mais corações generosos por aí do que julgamos."

 

"Essa ideia de que é preciso dividir e ser equitativo é muito bonita, mas o ser humano não se move por altruísmo, o que realmente o impulsiona é a ambição."

 

"A comida tinha conseguido saciar o seu apetite, mas a alma precisa de um alimento que só se fabrica nos braços de uma mãe."

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publicado às 18:00

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Opinião:

Nunca estive tão indecisa em avaliar um livro, como aconteceu com este, pelo tema abordado daria sem sombra de dúvida 5⭐, mas pela forma YA (young adult) como é escrito daria 3⭐.
Ultimamente não tenho tido um grande amor pelos livros YA, por vezes abordem temas de grande importância, mas numa forma bastante adolescente, se calhar sou eu que não tenho paciência para os "caprichos" dos mais novos, por outro lado é bom que os jovens se mostrem interessados neste género de livros, não apenas por mero prazer da leitura, mas para assimilar e tirar as suas próprias ilações dos temas abordados.
Por norma, lemos para nos instruir e não para praticarmos os mesmos erros.

 

O racismo é o tema principal, mas existem outros enredos bastante interessantes, as lutas entre os gangues rivais, a união familiar e a questão de se renunciar, ou não ao que nós somos.

 

Star vive com a família num bairro negro, altamente problemático, estuda numa escola fora do bairro, ela própria tem de adoptar duas personalidades, para encarar as duas realidades vividas tão diferentes uma da outra, a viver num bairro onde em cada esquina existe a hipótese de perigo constante, sempre foi instruída e protegida pelos pais quando fosse abordada por um agente da autoridade ou qualquer outro tipo de perigo:


"Mantenha as mãos à vista.
Não faça movimentos repentinos.
Só fale quando falarem com você"

 

Star estava alertada, mas o seu amigo de infância não, acabando por ser vítima da sua própria ignorância, Khalil sucumbe à bala diferida por um policia, Star é a testemunha principal para que o amigo tenha a máxima justiça, mas vai ter de enfrentar duras batalhas e barreiras bem mais difíceis do que a morte.

 

Houve momentos que me revoltou, outros que me fizeram sorrir, mas acima de tudo adorei a força de vontade de dar a volta por cima, um exemplo de que a união por vezes não muda nada, mas sem dúvida que nos dá força para seguir em frente.
Fiquei frustrada com a recta final, mas é assim mesmo a realidade, nem sempre a justiça é como desejamos... 

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publicado às 20:00

9ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"

Categoria 14) Lê uma biografia ou uma história de vida

2ª Leitura do "Holocausto em Janeiro"

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Opinião:

Para uma entusiasta do tema, este é certamente um dos primeiros livros a ser lido, mas por incrível que pareça nunca tinha lido "O Diário de Anne Frank", nem sequer o tenho para ler, por isso quando vi esta edição ilustrada fiquei com imensa curiosidade.

 

Quer este tema nos agrade ou não, acho que é indiscutível que todos conhecemos a história de Anne Frank, tal como escreveu o autor, "se quiséssemos verter todo o texto para uma versão gráfica sem saltar uma só palavra, honrando a carta que Anne escreveu, teríamos de trabalhar sobre mais de 3500 páginas, o que nos levaria a grande parte de uma década." Por isso acho que as 160 páginas são muito bem conseguidas, quer no desenvolvimento da história, quer nas ilustrações de David Polonsky, os vários relatos que Anne foi escrevendo no seu diário, a sua vida antes e durante a estadia no anexo em Amesterdão, o final, esse todos sabemos como termina...

 

Pois eu sabia o antes e o após, mas desconhecia o durante, aquele período em que oito pessoas têm de conviver num espaço reduzido, cada um com a sua personalidade, três jovens privados de crescerem num ambiente normal de juventude, a racionalização de comida, o medo de ser descoberto... 

Sempre imaginei a Anne como sendo uma rapariga mimada e egoísta, mas agora só consigo sentir admiração por esta jovem incompreendida e que em muitos aspectos é bastante avançada, quer para a sua idade, quer para o seu modo de pensar e quer até para a sua época.

 

Até hoje, nunca se descobriu como o anexo secreto foi descoberto, existem algumas teorias, mas nenhumas certezas, eu pessoalmente fiquei bastante frustrada, depois de quase dois anos escondidos serem descobertos, quando a guerra se aproximava a passos largos do final, não consigo imaginar qual seria o estado de espírito destes moradores, para encarar o pior desafio de todos até então, a sua descoberta, prisão e consequentemente a morte...

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Como já confessei não tenho o "Diário de Anne Frank", mas para complementar esta leitura, li este livro que (eu acho) é uma edição que só se vende na "Anne Frank House", o museu em memória de Anne. Achei bastante útil, em poucas páginas temos uma breve apresentação dos factos históricos do antissemitismo que envolveu a II Guerra Mundial, curiosamente, esses factos são apresentados com alguns exemplos da actualidade. O que é o quê! E o que não devemos voltar a fazer! Mas inevitavelmente todos nós sabemos que as minorias estão sempre em desvantagem. Que mais se pode fazer para que tal não volte a acontecer?

 

 

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Cabe a cada um de nós, cidadãos livres, apelar e praticar o bem, quer seja para nós, quer para com os outros pelo, no passado foram uns, no presente e futuro poderemos ser nós...  

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publicado às 15:00

"Restos Humanos" de Elizabeth Haynes - Opinião

por Tânia Tanocas, em 28.12.17

7ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"

Categoria 5) Lê um livro perfeito para um dia frio e chuvoso

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Opinião:

Autora de um dos melhores thrillers psicológicos que eu alguma vez já li (No Canto Mais Escuro), nunca mais foi editado mais nenhum dos seus livros em Portugal, entretanto já li (em BR) a "Vingança da Maré", mas não me encantou a 100%, mesmo assim resolvi insistir e decidi pegar neste com a esperança de que fosse o livro perfeito para um dia frio e chuvoso, confesso que não foi amor às primeiras páginas, as primeiras 80/90 páginas não me estavam a cativar, depois parece que surgiu um "clik" e logo a leitura fluiu de forma quase obsessiva. 

 

Achei a premissa bastante interessante e a estória que de início parecia não estar a fazer sentido logo se revelou bastante indispensável. Deste o início sabemos quem é o nosso psicopata (acho que este é o nome correcto para identificar o Colin), um homem com uma vida normal, mas com algumas patologias psicológicas bastantes macabras. 

Annabel, trabalha como analista de sistemas, funções meramente administrativas nas instalações de uma esquadra de polícia. 

A premissa é bastante audaz, vários corpos estão a ser encontrados já em estado de decomposição nas suas casas, não existem indícios de crime, mas a quantidade de corpos descobertos chama a atenção de Annabel, que descobre um padrão, padrão esse que ela bem conhece... 

 

Até onde sabemos quem são os nossos vizinhos, até que ponto os conhecemos, será até que sabemos se estão bem? A solidão é uma voz, que na maior parte das vezes não se ouve e neste mundo cada vez mais tecnológico essa voz vai sendo cada vez mais silenciada. 

Gostei do desenvolvimento do livro, vamos sabendo o que levou cada uma destas pessoas a definhar, acompanhamos o papel de Colin e consequentemente como Annabel vai passar pelo mesmo processo, sem que se dê conta de que está a um passo do abismo. 

 

Achei a escrita bastante pormenorizada, de tal forma que a maior parte das vezes nos deixa com aquela sensação de claustrofobia. 

Até que ponto um assassino pode ser considerado assassino, quando as mortes ocorrem por espontânea vontade dos seres humanos encontrados mortos? 

Será que estas mortes vão permanecer impunes e no esquecimento, tal como as suas vidas foram esquecidas? 

Muito bom, para onde está a caminhar a espécie humana, este livro coloca imensas questões para parar e reflectir... 

 

"Você conhece os seus vizinhos?

— Conheço, sim! Já faz alguns anos que moro na mesma casa, e somos bons amigos. Mas no último lugar em que morei, não era nada assim. Vivi lá durante cinco anos e não tinha a menor ideia de quem morava ao lado. E acho isso uma pena…

— Hum, sei. É mesmo, e não parece haver razão alguma para isso. Só precisamos ser cordiais e fazer um esforço para conhecer as pessoas. Não é preciso fazer amigos se não estiver a fim, mas nunca se sabe quando precisaremos uns dos outros, afinal de contas…

— E a população está envelhecendo, não é mesmo? Acho que daqui a alguns anos haverá muito mais idosos morando sozinhos, e ter vizinhos nos quais possam confiar é muito importante..."

 

"— Embora talvez ninguém desconfiasse de verdade, caso você fosse sumindo aos poucos — disse ela, alguns minutos depois.

— Sumindo de onde?

— Do Facebook. Quer dizer, se você tivesse a intenção de se afastar da sociedade, então, aos poucos, pararia de postar coisas no Facebook, não é? E, algum tempo depois, ninguém notaria sua ausência. Ou talvez notassem, e então poderiam enviar uma mensagem, um e-mail, mas se não recebessem resposta… bem, a maior parte dos nossos contactos não é realmente nosso amigo, não é? Amigos próximos, quero dizer. E aqueles que são, bem, e se você lhes dissesse que estava indo morar no exterior? Ou que seu computador quebrou, ou algo parecido? Quantos meses levaria até alguém se preocupar de verdade com por onde você anda?

— Eu não estou no Facebook — respondi."

 

"Você nunca se dá conta do que é a solidão até que ela começa a rastejar dentro de você, como uma doença; é algo que vai acontecendo progressivamente com você. E é claro que o álcool não ajuda: você bebe para esquecer como é uma merda viver assim e então, quando para de beber, tudo fica infernalmente pior. Então você continua bebendo para tentar apagar tudo."

 

"Ninguém olha nos seus olhos. E eu percebi que fazia anos e anos que ninguém havia mantido contacto visual comigo, e a última a fazer isso provavelmente foi Bev. Então, o que significava isso? O que podia significar? Se as pessoas pararem de olhar para você, você para de existir? Isso quer dizer que você não é mais uma pessoa? Isso quer dizer que você já está morto?"

 

"Aqueles que procuro são os que parecem estar vestindo as roupas com que foram dormir na noite anterior. Aqueles que saem à noite, por não conseguirem suportar as multidões. Não fazem compra durante o dia, pois acham que o som de crianças berrando pode perfurar seus tímpanos e lhes dar vontade de chorar também. Saem para as compras à noite, quando está calmo, escuro e ninguém os irá encarar, ninguém irá reparar neles, ninguém dirigirá um segundo olhar para eles. Percorrem o supermercado como se fossem invisíveis, porque é assim que se sentem. Em seus carrinhos haverá comida congelada, basicamente, pois só fazem compras uma vez por mês, se tanto. Levam uma lista na mão, por não quererem voltar, no caso de esquecerem de alguma coisa. Não estabelecerão contacto visual. Não falarão com ninguém."

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Esta foi a última opinião de 2017, a minha 64ª leitura, acho que posso afirmar que finalizei o ano em beleza... 

Para o ano há mais...  Beijokas... 

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Elizabeth Haynes é analista dos serviços secretos da polícia britânica. No Canto mais Escuro, que marca a sua brilhante estreia na ficção, foi traduzido em 27 línguas e editado em países como o Brasil, China, Japão, Alemanha ou Estados Unidos, e deixa antever uma promissora carreira literária. Haynes vive em Kent com o marido e o filho.

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publicado às 23:30

"Quero-te Morta" de Peter James - Opinião

por Tânia Tanocas, em 25.11.17

4ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017" 

Categoria 11)  Lê um livro que te foi oferecido

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Opinião:

Este livro foi-me oferecido o ano passado numa troca de Natal, era a sensação do momento, mas para mim o autor Peter James já não era uma novidade, já li e adorei "Despedida de Solteiro" e tenho mais dois livros para ler.
Por isso fiquei um pouco apreensiva quando cheguei até à página 193 e a leitura continuava um pouco aborrecida, já estava tão farta do ódio de Bryce, do fraco desenvolvimento das personagens e da acção, nem o facto de ser baseado em factos reais e do tema ser do meu agrado, contribuiu para o meu entusiasmo.
Até aqui não foi uma daquelas leituras ávidas que a todo o momento queria abrir o livro e ler mais umas páginas.

Depois, já em mais de metade do livro, as coisas começaram a ganhar algum andamento, mas mesmo assim fiquei um pouco desiludida com esta leitura.

 

Durante o livro vão surgindo peças aleatórias que aos poucos se vão encaixando, de salientar que este é o 10º livro da série "Roy Grace", mas que em nada afecta esta leitura. 

 

As peças principais são a Red e o seu ex namorado Bryce, mas também acompanhamos a vida privada e profissional do inspector Roy Grace, que é o anfitrião da série.

 

Red decide terminar a relação que tinha com o seu namorado, e é desafiada a colocar um anúncio num site de relacionamentos. Aparece um pretendente que se demonstra um autêntico príncipe, mas, existe sempre um mas...
Bryce não é bem aquilo que aparenta, mas Red está encantada, mesmo já sofrendo de alguma violência doméstica, só depois de ver as provas é que Red encara o Bryce como uma farsa e termina com o príncipe "desencantado".

 

Bryce tem uma vasta lista de nomes falsos, tal é a sua astúcia em se camuflar, com um passado sombrio e sem aceitar o final da relação, Bryce começa a perseguir Red, completamente paranóico, cego de desgosto e de ciúmes, a única finalidade da sua vida é destruir Red.

 

Será que este relato (baseado em factos reais) de "stalker" vai ter um final feliz, ou infeliz?

 

Não sei se tinha as minhas expectativas elevadas com esta leitura, mas em comparação com "No Canto Mais Escuro de Elizabeth Haynes, ou "Aqueles Que Merecem Morrer" de Peter Swanson, este livro ficou um pouco aquém do desejado.

Mesmo assim gostei do desfecho e de ler a percepção de um perseguidor e a perspectiva da vítima.

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Peter James estudou em Charterhouse, e depois na escola de cinema. Viveu nos Estados Unidos durante vários anos, onde trabalhou como argumentista e produtor de filmes, antes de regressar a Inglaterra. 
Os seus romances já foram traduzidos em 26 línguas. Todos os seus livros reflectem um profundo interesse pela medicina, a ciência e o paranormal.

Já venceu os Prémios de Melhor Escritor Policial do Ano de 2005 da Krimi-Blitz, na Alemanha, e Despedida de Solteiro venceu o Internacional Prix Polar 2006 e o Le Prix Coeur Noir 2007 em França. Peter James divide o seu tempo entre as suas casas em Notting Hill, Londres, e no Sussex.

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publicado às 14:00


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