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Opinião:

Não é novidade que gosto deste género de leituras, o espanto é que foi a primeira vez que realmente um relato desta natureza mexeu comigo, por isso desde já quero alertar, que este livro não é mesmo para qualquer pessoa, o livro é curto, mas recheado de factos completamente desumanos e inconcebíveis, ao chegar à página 34 tive mesmo de fechar o livro e ir espairecer.

 

Dá-me a sensação de que Lygia ao escrever este livro tão curto, não quis estar constantemente a contar as mesmas atrocidades que sofreu, ela própria comenta que não queria ser repetitiva, até porque tem a sensação de que novamente ninguém acreditará nela, mas acho que as 144 páginas são mais do que suficientes para valorizar todo o sofrimento que esta mulher passou, principalmente a coragem que teve em falar e escrever.

 

Tenho uma enorme consideração por quem passou por qualquer tipo de violência, não imagino o que sentem estas pessoas quando os seus abusadores saem impunes, neste caso, não imagino o que Lydia sentiu quando os seus carrascos não tiveram a punição devida. 

 

Lydia Gouardo e os irmãos, sofreram nas mãos do (presumível) pai e madrasta, as piores maldades que possam passar por uma mente completamente maluca. 

Bruno de 7 ano, Nadia de 3 e Lydia de 4, têm o mesmo sobrenome que o pai, mas o primeiro contacto que tiveram com ele foi no momento em que foram retirados à força de uma família de acolhimento e levados para aquele que seria o seu futuro infernal.

 

As crianças desde logo vão saber qual o peso de serem maltratados, um maltratar doentio, completamente fora da nossa imaginação...
As crianças não vão à escola, não têm contacto com ninguém, submetidas frequentemente à fome, à sede, violência sexual, psicológica. O velho e a velha (como as crianças lhes chamam) são pessoas que sabem bem como afastar os olhares mais coscuvilheiros, até como intimidar as pessoas que tentem abordar a sua vida, chega inclusive a apelidar Lygia de maluca e deficiente para os médicos.

 

A parte que menos gostei, a determinada altura, Bruno foge e mais tarde resgata a irmã Nadia, deixando Lygia para trás, ambos já são maiores de idade, poderiam ter auxiliado a irmã, mas nenhum aparece... 
Percebo a influência do pai e até o pânico que sentiriam dele, mas não consigo imaginar deixar o meu irmão às mãos de um casal de monstros e levar a minha vida como se já estivesse tudo bem, talvez a vida de Lygia tivesse tido um rumo bem diferente se os irmãos tivessem-se unido contra tudo e contra todos.

 

Lygia tentou de tudo para se fazer ouvir e tentar parar aquele martírio, falou com polícias, morou ao pé de técnicas sociais, teve internada em hospitais, (pelo menos 8 vezes), teve vizinhos que ouviam os seus gritos, súplicas e choros, durante 28 anos Lydia tentou abrir os olhos de quem não queria ver, mas em troca só recebeu o silêncio dos outros.

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Lydia Gouardo nasceu em 1962. Durante vinte e oito anos de cativeiro, teve seis filhos do homem a quem chamava pai. Só com a morte deste alcança a liberdade.

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publicado às 17:04


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