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Livros # Desafios Literários # Aquisições # Opiniões
Quarta leitura do desafio #livrosnoecra
Opinião:
Só me apetece dizer bem alto :"Lêem este livro assim que puderem!!!", apetece-me também retomar novamente a leitura.
Há muito que desejava este livro, o mês passado chegou cá a casa e nem chegou a ir para a pilha dos livros para ler, comecei a folhear, a ler algumas cenas e não mais o larguei.
Ri, chorei, revoltei-me, tive piedade, uma mistura de sentimentos que quando estava quase a chegar ao fim, já andava a ler duas a três cenas por dia para que ele durasse mais tempo.
Narjane Satrapi é a autora e protagonista desta BD (que agora tem um nome mais pomposo, Graphic Novel), a história (não ficção) desenrola-se em dois momentos, mas eu acho que três momentos teriam sido o mais adequado, por isso vou dar-vos a conhecer esses três momentos.
Primeira Parte - A autora vai descrever a infância vivida no Irão em plena revolução islâmica, guerra com o Iraque e algum contexto histórico daquele país.
Segunda Parte - Acompanhamos as dificuldades culturais (e não só) de Narjane quando vai viver para outro país
Terceira Parte - A determinada altura Narjane regressa às suas origens, mas o país já não é igual àquele que deixou antes de partir.
Este livro é muito mais do que a "biografia" de Marjane, conta-nos a história de uma civilização (o próprio título é uma referência) que sempre foi fustigada pela cobiça da sua riqueza (petróleo) e que actualmente é conhecido e rotulado de impulsionador de fanatismos, terroristas e fundamentalistas, mas Marjane encaminha-nos por uma história em que o seu objectivo é desmistificar a imagem negativa do seu povo.
Não quer isso dizer que a autora defenda os fanáticos religiosos e extremistas, antes pelo contrário, descendente de Persas, não reza a Alá, os seus pais são uns revolucionários que incutiram na filha valores que em nada se revêm no actual modelo de vida iraniano, mas o principal objectivo deste livro é dar-nos a conhecer de que o povo sempre se uniu para poder viver em liberdade e que jamais devem ser esquecidos, tal como aqueles que ainda lutam e nunca deixaram o seu lar.
Numa época em que fazem cada vez mais muros, fecham fronteiras, impedem os fustigado de procurar alguma paz e reconforto, também é imprescindível ler este livro para compreender o que passam os refugiados, exilados, quando têm de se adaptar a uma nova cultura, novos costumes, como encaram e quais as consequências da xenofobia e racismo daqueles que gozam de um bom conforto.
"Podemos perdoar, mas não devemos nunca esquecer."
Trailer da adaptação (2007):
Já estive para ver a adaptação, mas decidi adiar porque queria mesmo ler o livro antes de ver o filme. E não me arrependi, neste caso, acho que vou gostar do filme, mas sem sombras de dúvidas de que esta preciosidade já entrou para os meus favoritos. Além do roteiro, o filme tem a direcção da própria autora.
Marjane Satrapi nasceu em Rasht, no Irão, em 1969, e actualmente vive em Paris. Estudou no liceu francês de Teerão, onde passou a sua infância. Bisneta de um imperador do país, teve uma educação que combinou a tradição da cultura persa com valores ocidentais e de esquerda.
Aos catorze anos, partiu para a Áustria, e depois retornou ao Irão para estudar belas-artes. Estabelecida em França como autora e ilustradora,
Marjane conquistou a fama mundial com Persépolis, obra que ganhou alguns dos mais prestigiados prémios deste género literário.
As ilustrações de Marjane são publicadas em revistas e jornais de todo o mundo, incluindo The New Yorker e The New York Times.