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Opinião:

Quem viu o filme "A Lista de Schindler" vai de certeza reconhecer o personagem deste livro. O seu nome é Leib Lejzon, embora seja conhecido como Leon Leyson, um dos sobreviventes de Oskar Schindler.

 

O objectivo deste livro é de certa forma um agradecimento a Oskar, o autor tem esperança que ele se torne parte integrante da nossa memória, tal como ele foi parte integrante da dele.
Mas não só, Leon quer partilhar a história da sua vida e de como ela se cruzou com a de Schindler, por isso o livro inicia com a apresentação da sua família e como eram os tempos antes e durante a guerra, no geral todos os que puseram as suas vidas em perigo para salvar a sua merecem aqui um reconhecimento, aos olhos de Leon todos são heróis.

 

Foi a primeira vez que li o relato de alguém que (sobre)viveu num gueto, apesar de não ser um relato longo tem o essencial para perceber as condições desumanas a que eram sujeitos.

 

É incrível as voltas que deu a vida do autor, o que teve de passar até ao dia em que foi incluído na lista de Schindler, como tantos judeus sofreu para poder sobreviver e com uma escrita bastante acessível temos bem a noção de como foi o sofrimento destas vítimas, que Leon teve uma segunda oportunidade e que a aproveitou da melhor forma possível constituindo uma família.

 

Na minha opinião este livro é mais uma excelente opção do Plano Nacional de Leitura o livro é recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma, com descrições na medida certa em termos de sensibilidade, vai com toda a certeza fazer os nossos jovens (e adultos) terem a noção e compreenderem o que foi o Holocausto, contado por um sobrevivente que infelizmente já faleceu, mas que deixou este relato para jamais ninguém se esquecer.

 

"Aos olhos dos nazis, nós, judeus, éramos um único grupo odiado, o exato oposto do ideal louro e de olhos azuis dos «arianos» puros. Na realidade, esse alegado contraste não era de todo real. Muitos judeus tinham olhos azuis e cabelo loiro, e muitos alemães e austríaco, incluindo Adolfo Hitler, tinham olhos e cabelos escuros. Mas o dogna nazi metia os judeus todos no mesmo saco, como o odiado inimigo dos arianos. Para eles, ser judeus não tinha a ver com aquilo em que acreditávamos, mas com a nossa alegada raça.
Aquilo não fazia sentido para mim e cheguei a perguntar-me como podiam os próprios nazis acreditar em tais condições. Se se tivessem dado ao trabalho de olhar realmente para nós, teriam visto seres humanos tal e qual como eles: alguns com olhos azuis, alguns com castanhos. Teriam visto famílias tal e qual como as suas: filhos e filhas, mães e pais, médicos, advogados, professores, artesãos e alfaiates, indivíduos de todas as classes."

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Leon Leyson (1929-2013), de seu verdadeiro nome Leib Lezjon, nasceu a 15 de Setembro de 1929, em Narewka, uma cidade a nordeste de Varsóvia. Após a Segunda Guerra Mundial, passou três anos num campo de refugiados perto de Frankfurt, na Alemanha. Partiu para os Estados Unidos em 1949, onde se radicou. Alistou-se no Exército durante a Guerra da Coreia e mais tarde tornou-se professor de artes industriais no ensino secundário em Hunting Park, na Califórnia, profissão que exerceu durante 39 anos. Foi distinguido pela Universidade Chapman pelo seu trabalho de educador e na sua qualidade de testemunha do Holocausto. Faleceu no início de 2013, um dia depois de entregar o manuscrito final deste livro à editora.

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publicado às 22:30

Décima primeira leitura do #bookbingoleiturasaosol

Categoria: "Clássico Português"

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Opinião:

Esta categoria deu-me "pano para mangas", isto é, não foi fácil encontrar uma leitura que me enchesse as medidas (compreenda-se cérebro), a prova disso é que iniciei a leitura de dois livros e só à terceira é que decidi apostar neste...

 

Acho que ainda não estou madura o suficiente para encarar os livros e mensagens dos nossos escritores mais antigos e importantes, mas não desisto, há-de haver uma altura em que irei ter o prazer de fazer estas leituras.
Mas fiquei a pensar, se eu com 36 anos, não me seduz, nem compreendo (ainda) este tipo de livros, como é que querem que os nossos jovens gostem de ler, quando são obrigados a realizar (obrigatoriamente) estas leituras na escola?!

 

Mas vamos ao que interessa, este é um livro de contos de uma autora que eu adoro e admiro, pessoalmente, desconhecia que tinha no seu repertório livros deste género, porque Florbela Espanca é reconhecida pelos seus registos poéticos.

 

O primeiro conto, conquistou a minha atenção logo nas primeiras frases, uma alentejana a descrever a zona dos clérigos no Porto, para quem pensava que só iria encontrar contos de aldeia e planícies alentejanas fiquei bastante surpreendida.

 

O que já não me surpreendeu foi a nostalgia, angústia e até alguma frustração, melancolia e incompreensão da sua escrita, já o notamos nos seus sonetos e nestes contos também os encontramos bem presentes.

 

Composto por 18 contos, subdivididos em duas partes, em "As Máscaras do Destino" uma série de contos totalmente dedicados ao irmão, Apeles Espanca, que morreu tragicamente num acidente de aviação a 6 de Junho de 1927, "O Dominó Preto" é como que um reinicio para invocar a morte do irmão, mas também encontramos apontamentos biográficos em relação à sua maneira de ver o amor, escritos em diversas idades e com determinados temas e contextos, é inegável que houve uns que gostei mais do que outros, mas no geral Florbela Espanca não desapontou e adorei conhecer a escrita da autora sem ser na vertente poética.

 

Não é minha intenção analisar ao pormenor os escritos da autora, se nem os entendidos na matéria conseguem definir bem quem era a Florbela, eu de certeza que não vou arriscar a fazê-lo... Gosto de pensar que simplesmente, foi uma mulher que nasceu e viveu na época errada.

 

"A hipocrisia humana é um abismo sem fundo..." (Mulher de Perdição)

 

"As almas das poetisas são todas feitas de luz, como as dos astros: não ofuscam, iluminam..." (À Margem de um Soneto)

 

"Tantos anos esperara por ele em vão! E havia de rejeitar aquela esmola da vida, ela que dá tão poucas?!" (Amor de Outrora)

 

Um dos meus sonetos favoritos da autora:

Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida, 
Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada... a dolorida... 

 

Sombra de névoa ténue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, 
Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida!... 

 

Sou aquela que passa e ninguém vê... 
Sou a que chamam triste sem o ser... 
Sou a que chora sem saber porquê... 

 

Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver 
E que nunca na vida me encontrou! 

 

Florbela Espanca, do "Livro de Mágoas" 

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Florbela Espanca (Vila Viçosa , 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930)[1], baptizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se auto-nomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca , foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.

 

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publicado às 23:31

"O Apelo do Anjo" de Guillaume Musso - Opinião

por Tânia Tanocas, em 25.10.17

Décima leitura do #bookbingoleiturasaosol

Categoria: "Autor Favorito"

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Opinião:

A divagar pela blogsfera, reparo que existem autores que simplesmente não são mencionados, não sei o porquê, talvez porque não agrade a temática dos seus livros, ou simplesmente porque não são tão divulgados, um pouco contra a corrente decidi realizar a leitura de um dos meus autores favoritos e tão pouco destacado.

 

Guillaume Musso é o autor de vários livros já traduzidos em Portugal, desses livros falta-me ler o livro editado antes deste (Rapariga de Papel) e decidi pegar neste porque referia que tinha uma componente mais thriller, género que não é de todo o estilo do autor.
Na minha opinião, o autor tem o dom de escrever livros que incluem algum misticismo, estórias fantasiosas, mas que de certa forma são bastante plausíveis.

 

Madeline é florista em Paris e Jonathan tem um restaurante em São Francisco, são estes os dois personagens principais, nada têm a ver um com o outro, a não ser um infeliz acaso de terem ficado com os telemóveis trocados no aeroporto de Nova Iorque e só se apercebem dessa troca quando já estão a uma distância de dez mil quilómetros.

 

Tudo parece bastante fácil de resolver, cada um deles disponibiliza as respectivas moradas e irão proceder ao envio dos telemóveis, mas tudo se altera quando ambos cedem à curiosidade de explorar o respectivo aparelho e têm acesso a segredos que ambos não querem que ninguém saiba...
Madeline e Jonathan já foram pessoas bem diferentes a viveram vidas completamente opostas da actual, poderá este casal se ajudar mutuamente a encontrar o verdadeiro sentido das suas vidas? Pode e é interessante ver o desenvolvimento desta entreajuda.

 

Neste livro, existem situações algo duvidosas, demasiadas coincidências, mas será que no dia a dia é sempre tudo certinho, não haverá momentos em que as voltas da vida são de tal maneira trocadas e as coincidências do destino vêm ao de cima?!
Mesmo assim nada destas coincidências retirou o prazer de voltar a reencontrar o autor Guillaume Musso.

 

Adorei o facto de o autor iniciar cada capítulo com uma citação de um determinado escritor, desde Stieg Larsson, Carlos Ruiz Zafon, Séneca, etc... Citações essas que encaixam perfeitamente com o decorrer da trama.
No geral foi interessante conhecer o autor na vertente policial, mas continuo a querer que o Guillaume não renuncie ao seu passado literário...

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Guillaume Musso nasceu em 1974 e descobriu a literatura aos dez anos, idade em que decidiu que um dia haveria de escrever livros. Inspirado pela cidade de Nova Iorque, onde viveu aos dezanove anos e travou conhecimento com viajantes de todo o mundo, regressou à sua França natal para estudar Ciências Económicas. É hoje um dos autores franceses preferidos pelo grande público.

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publicado às 22:27

"Os Níveis da Vida" de Julian Barnes - Opinião

por Tânia Tanocas, em 15.09.17

Sexta leitura do #bookbingoleiturasaosol

Categoria: "Prémio Literário"

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Opinião:

Este livro foi me oferecido num Natal... OK, não vou ser hipócrita se disser que era um autor ou livro que estava na minha whish, também não vou ser mentirosa se disser que adorei o livro do início ao fim, foi sim, uma leitura gradual que culminou numa boa surpresa, se fiquei fã? Sim, mas só na terceira parte do livro...

 

O livro divide-se em três momentos, os dois primeiros capítulos não me cativaram, confesso que não percebi bem o que o autor quis transmitir, nem consigo explicar, talvez porque não percebo nada de balonismo e a fotografia não seja o meu forte, a vontade de desistir do livro foi constante, prevaleceu a minha insistência em terminar já que o livro é bastante curto e ainda bem que insisti, pois a terceira parte é simplesmente divinal, para mim se o livro fosse composto só com a última parte era o suficiente para amar esta leitura.

 

O luto nunca é uma fase fácil de superar, o autor passa por essa condição quando perde um familiar, descreve (numa escrita poética) o que sente um enlutado e os esforços (muitas das vezes em vão) dos amigos e conhecidos para ajudar a dar a volta por cima.

 

Felizmente ainda não passei por nenhuma perda, que se diga devastador para a minha vida, mas ler "A Perda de Altitude" foi como se levasse um murro no estômago, pensei (e ainda me vem muitas vezes à memória) como será comigo quando isso acontecer, porque é inevitável, algum dia irei sofrer da mesma maneira que Julian sofreu, ouvir os incentivos de esperança daqueles que não estão (assim) tão devastados pela perda de alguém que é um dos pilares da nossa vida.

 

Por isso é que passado mais de um mês do fim desta leitura, ainda não consegui tirar o livro da mesa de cabeceira, talvez o deixe lá até que chegue a minha vez de fazer o luto e assim consumar a dor do autor com a minha...

 

Apesar de tudo é um livro recheado de citações (do início ao fim) que merecem ser destacadas, estas 109 páginas ficaram sarapintadas de post-its...

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"O Pecado da Altitude"

"A altitude «reduz todas as coisas às suas proporções relativas e à Verdade». Cuidados, remorsos, indignação tornam-se estranhos: «Com que facilidade desaparecem a indiferença, o desprezo, o esquecimento... e se instala o perdão.»

 

"Ao Nível"

"Juntamos duas pessoas que ainda não se tinham juntado; e às vezes o mundo transforma-se, outras vezes não. Podem despenhar-se e arde, ou arde e despenhar-se. Mas às vezes algo de novo acontece, e então o mundo transforma-se. Juntos naquela exaltação, naquela primeira e estrondosa sensação de alento, são maiores que os dois eus separados. Juntos, veem mais longe e veem mais distintamente."

 

"A Perda de Profundidade"

"Cedo na vida, o mundo divide-se entre os que praticaram sexo e os que não praticaram. Mais tarde, entre os que conheceram o amor e os que não conheceram. Mais tarde ainda - se tivermos sorte (ou, por outro lado, se não tivermos sorte) -, divide-se entre os que sofreram o luto e os que não sofreram. Estas divisões são absolutas; são trópicos que atravessamos." 

 

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Julian Barnes nasceu em Leicester em 1946. É autor de mais de uma dezena de livros. A sua obra está traduzida em trinta idiomas, e três dos seus romances foram finalistas do Booker Prize. Barnes foi o único escritor galardoado com o Prémio Medicis e o Prémio Femina. Foi ainda distinguido com o Prémio do Estado da Áustria para escritores estrangeiros e, mais recentemente, com o David Cohen Prize. O Sentido do Fim, recebeu o Man Booker Prize 2011. Julian Barnes foi casado com a agente literária Pat Kavanagh até à morte desta, em 2008, e vive em Londres.

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publicado às 22:58

Segunda leitura do #bookbingoleiturasaosol

Categoria: "BD"

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Opinião:

Conheci o Armandinho, quando um dia me deparei com esta tirinha, a partir dai fiquei fã...

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Algures (acho que foi no Goodreads) li uma opinião que descrevia o Armandinho como uma mistura de Mafalda e Calvin & Hobbes, e é essa também a minha opinião.

 

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Armandinho não gosta da escola, de comer, tomar banho e arrumações...

 

 

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 Adora doces, comidas nada saudáveis, animais, natureza, ver TV e jogar videogame...

 

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Não compreende algumas atitudes dos humanos, principalmente a falta de tempo dos pais para com ele...

 

Tem um raciocínio de criança, mas que deixa qualquer adulto sem palavras, principalmente a sua argumentação. Apesar das tiras serem facilmente encontradas na Internet, adquiri estes dois exemplares em papel, quando terminei o Armandinho zero, não me contive e devorei logo de seguida o Armandinho um.

 

Ainda não sei se irei completar o resto da colecção (Armandinho vai evoluindo e eu gosto da sua evolução, cada vez mais preocupado com o meio ambiente e questões sociais), mas de uma coisa tenho a certeza, o Armandinho já conquistou o meu coração e de lá não irá sair...

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Alexandre Beck passou pelas faculdades de agronomia (sempre foi um grande apreciador do meio ambiente, e dos animais), publicidade e jornalismo. Numa busca para se encontrar , que contrasta com a certeza absoluta da sua vida: a paixão por desenhar.
Em 2002 surgiu uma vaga num jornal para fazer tirinhas e então criou os seus personagens. Alguns eram baseados em amigos seus. Alexandre ocupava a metade de um dia a fazê-los. 

Em 2010, pediram-lhe três tirinhas para uma matéria sobre economia onde os pais conversavam com as crianças. Assim nasceu o Armandinho.

O nome do Armandinho foi escolhido num concurso. Segundo o vencedor, este nome deve-se ao facto do personagem sempre está armando algo.

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publicado às 22:12

Primeira leitura para o #bookbingoleiturasaosol

Categoria: "Esquecido na estante" 

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Opinião:
Dos 629 livros que tenho para ler (só em papel ), decidi que o livro 125 já estava à muito esquecido na estante e decidi pegar neste pequeno grande miminho.

Desengane-se quem achar que este é um livro "fofinho" que fala de um velho que só lê romances de amor, esta pequena novela, é como um estalada à civilização que se intromete e destrói aquilo que deveria preservar e adorar.

"António José Bolívar ocupava-se de as manter à distância, enquanto os colonos devastavam a floresta construindo a obra prima do homem civilizado: o deserto."

Primeiro, achei que é bastante educativo em termos de preservação das nossas florestas (neste caso, uma das mais importantes, a Amazónia), a fauna e a flora são tão, ou mais importantes do que o progresso, as pessoas caçam o essencial para sobreviver, vivem na pacatez do seu dia a dia, a sabedoria é imensa, não compreendem os colonos que por outro lado também não compreendem o estilo de vida dos habitantes destes lugarejos, muitas das vezes, para seu belo prazer devastam o sossego destes sítios sem terem a consciência de que o fazem...

António José Bolívar é um velho, que conseguiu sobreviver na floresta graças ao conhecimento que adquiriu ao longo da sua vida com os índios, vive numa pequena aldeia (El Idilio), onde duas vezes por ano o dentista Rubicundo Loachamín surge para "remediar" os pacientes das suas mazelas bucais, exactamente como o funcionário dos correios, que raramente leva correspondência para os habitantes.
É por ocasião de uma dessas visitas que se desenrola a acção, o humor sarcástico do médico, dá logo a entender a antipatia que sente em relação ao poder político, a sua condescendência para com os pacientes também não é a mais saudável, mas é dos poucos que aparece para lhes auxiliar em alguma coisa...
O velho António José Bolívar e o médico começaram uma ligação que se revelou bem mais importante do que qualquer valor monetário deste mundo, nesse dia algo acontece, e as consequências vão levar o velho a desfolhar o livro do seu passado e dar-nos a conhecer o seu conhecimento da floresta e amor pelos romances (só de amor).

O autor dedica este livro (que foi prémio Tigre Juan) a Chico Mendes, um dos mais lídimos defensores da Amazónia, que "a muitos milhares de quilómetros e de ignomínia um bando de assassinos armados e pagos por outros criminosos mais importantes, daqueles que usam fatos de bom corte, unhas cuidadas e dizem actuar em nome do «progresso», liquidavam a vida de uma das figuras mais destacadas e consequentes do Movimento Ecologista Universal."

Certamente, um autor que desejo continuar a acompanhar, pois a sua escrita é bastante audaz, com uma mensagem muito elucidativa e educativa.
De salientar que este livro faz parte do plano nacional de leitura, apesar de ter alguns relatos mórbidos que podem chocar, acho que se enquadra totalmente no contexto da preservação e impulsionadora para amar os livros.

"Quando havia uma passagem que lhe agradava especialmente, repeti-a muitas vezes, todas as que achasse necessárias para descobrir como a linguagem humana também podia ser bela."

"O prémio também é teu, e de todos os que hão-de continuar o teu caminho, o nosso caminho colectivo em defesa deste único mundo que possuímos."

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Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, em 1949. Da sua vasta obra (toda ela traduzida em Portugal), destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. Mas Mundo do Fim do Mundo, Patagónia Express, Encontros de Amor num País em Guerra, Diário de um Killer Sentimental ou A Sombra do que Fomos (Prémio Primavera de Romance em 2009), por exemplo, conquistaram também, em todo o mundo, a admiração de milhões de leitores. Em 2016, recebeu o Prémio Eduardo Lourenço.

 

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publicado às 22:12

Segunda leitura do projecto #adaptações

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Opinião:

Por incrível que pareça este filme fez parte do terror da minha adolescência, perdi a conta das vezes que o vi (ainda no auge das videocassetes), quem vir este filme agora, com toda a certeza vai chamar-me maluca, mas só eu sei quantas noites espreitei debaixo da cama antes de adormecer, quantas vezes ficava em pânico quando a televisão assumia aquele estado de formigueiro sem imagem, quantas vezes contei para avaliar a distância de uma tempestade.

 

Fiquei bastante contente em ler esta estória, apesar de a adaptação estar bem retratada, gostei de ler um, ou outro apontamento que não está no filme, por exemplo o envolvimento da médium Tangina, na estória surge de maneira diferente no livro, mas a essência da estória está lá toda, quer seja no livro, quer no filme, gostei muito das duas versões, apesar de já conhecer o enredo, não tirou o mérito à leitura, em determinado momento estava tão absorvida que me assustei com o toque do meu telemóvel... 

 

Sem dúvida que o Steve Spielberg se esmerou ao máximo na recriação desta adaptação (ou talvez ao contrário, não consegui perceber se este livro surgiu antes ou depois do filme), pois apesar de ter o filme muito presente, houve situações que sem dúvida eu imaginava tal como ele reproduziu, muito fiel mesmo...

 

Acho que a estória dispensa apresentações, uma família normal, que vive numa casa que esconde um segredo que vai ser revelado por meio de acções fantasmagóricas, até ao desaparecimento da pequena Carol Anne tudo parece inofensivo, depois tudo se desmorona... E quando se pensava que tudo tinha terminado, eis que surge uma nova reviravolta...  

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Trailer da adaptação (1982)

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publicado às 17:51

Segunda leitura do desafio #livrosnoecra

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Opinião:

Tenho a certeza de que não existe ninguém que não conheça a estória deste livrinho, começamos logo a conta-lo às nossas crianças, nas escolas ensinam o significado destas palavras, é presença quase essencial em qualquer biblioteca particular e acima de tudo, uma pequena fábula carregada de muitas conclusões e interpretações sobre as acções e comportamentos do ser humano.

 

A Bela e o Monstro foi originalmente escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot, em 1740, esta primeira versão incluía mais de cem páginas envolvendo uma fera genuinamente selvagem, mas em 1756, Jeanne-Marie LePrince de Beaumont sintetizou e transformou a obra original.

 

O conto é bastante curtinho, contém o essencial, mas quem visualizar qualquer das várias adaptações cinematográficas vai denotar algumas diferenças e até a falta de vários indícios que não estão contados no livro.

A primeira situação é que só vamos descobrir como o monstro surgiu no final, depois em nenhum momento temos objectos falantes que animam a Bela, não sabia que Bela tinha mais cinco irmãos (duas irmãs e três irmãos) e não existe nenhuma rebelião de populares para atacar o monstro.

 

Tirando estas pequenas diferenças o livro lê-se com bastante afinco e as ilustrações de Aurélie de Sousa dão um toque especial a esta leitura, a comprovar que não são só as crianças que se deliciam com estas estórias, sem dúvida uma fábula para reler até saber a estória na ponta da língua. 

Ganância, humildade, simplicidade, perseverança, dedicação, amor e amizade, são os pontos fortes desde conto, que em tão poucas páginas nos transmite uma enorme lição.

 

“Corrigimo-nos do orgulho, da cólera, da gulodice e da preguiça; mas só um milagre regenera um coração mau e invejoso.”

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Jeanne-Marie Leprince de Beaumont (1711 – 1780), professora de Francês, jornalista e escritora. Foi a autora de inúmeros contos para crianças e jovens. É considerada uma das primeiras autoras deste género literário na Europa.

 

 

 

Trailer "A Bela e o Monstro" (1991)

Adaptado, cinematografado e encenado inúmeras vezes, o conto apresenta já diversas versões, a mais recente estreou este ano (2017), a mais antiga surgiu em 1946, mas a minha preferida continua a ser a adaptação de 1991.

De salientar que apesar de gostar desta fábula, os meus contos favoritos continuam a ser Branca de Neve e a Cinderela. 

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publicado às 22:04

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Primeiro livro lido do mês de abril, um livro curtinho com apenas 86 páginas, lê-se em menos de duas horas. Não conta para o desafio #livrosnoecra porque não existe nenhuma adaptação do mesmo (pelo menos que eu tenha conhecimento).


Este livro foi a minha primeira descoberta literária desde que descobri novos blogs por aqui, nomeadamente o blog "Desabafos da Mula", onde vi pela primeira vez este livro.

Nem sei bem o que dizer desta leitura, pois o facto de ser pequeno condiciona um pouco aquilo que se pode dizer para não "spoilar" ninguém.

 

Primeiro achei que o título é altamente revelador, talvez algo como "a contadora de sonhos" seria bem mais adequado para o leitor ser apanhado de surpresa. Mas desenganem-se que fica a saber tudo através do título / sinopse, a estória vai muito mais além daquilo que imaginamos e neste aspecto adorei ser surpreendida o que fez com que adorasse ainda mais este livro.

Maria Margarida, é a filha mais nova de cinco irmãos, também é a nossa protagonista e narradora, através dela iremos conhecer a sua família e como o amor pelo cinema alterou completamente a sua vida.

 

Foi estranho ler algo que se passou numa época em que o cinema era uma das poucas distrações culturais e que não era acessível a todas as pessoas. Hoje em dia temos o cinema, televisão, Internet, etc. Por isso é imprescindível conseguir colocar toda essa tecnologia de parte para nos concentrarmos exclusivamente naquilo que Maria Margarida nos vai transmitindo.

Uma estória crua, que expõem a vivência (que poderia) ser a de uma qualquer família extremamente pobre do povo Chileno. O sofrimento e submissão do povo mais fraco em relação ao mais rico, as alegrias e as tristezas, as desilusões e as conquistas desta família vão fazer com que rapidamente nos esquecemos do desapontamento do título.

 

Gostei muito de fazer esta leitura, a escrita do autor é bastante prazerosa e gostava de ter oportunidade de ler mais livros do autor, porque apesar de ter adorado acompanhar a aventura de Maria Margarida, confesso que me soube a pouco.

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Hernán Rivera Letelier nasceu no Chile em 1950. Catapultado para a fama com o romance A Rainha Isabel Cantava Rancheras, é autor de diversos romances multipremiados que se encontram publicados em vários países. Em 2001 foi nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras pelo Ministério da Cultura de França.

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publicado às 20:41

"Jogos da Fome" de Suzanne Collins - Opinião

por Tânia Tanocas, em 26.03.17

Sexta leitura para o desafio #marçofeminino

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Opinião:

Acho que não existe quase ninguém que não saiba a premissa deste livro, ou até já o tenha lido, confesso que não é dos meus temas favoritos, mas passados quase 8 anos, resisti à tentação (várias vezes) de ver o filme e só consegui dominar-me porque queria ter o prazer de ler o livro antes de ver o filme.

 

Foi uma leitura fluida e compulsiva, com poucos momento mortos, infelizmente (a meu ver) com algumas repetições, mas nada que destrua as boas horas passadas nestes Jogos da Fome.

 

Um pouco agonizante o infortúnio anual destes 12 distritos às mãos do Capitol, mas não é sempre assim? Fiquei com a sensação de não ser um tema assim tão "distópico", cada vez mais estamos como cobaias de diversão para as altas chefias, o "Big Brother" há muito que deixou de ser uma novidade, estando cada vez mais presente no nosso dia a dia e vale de tudo para ganhar-mos vantagem sobre os nossos adversários.

 

Por isso gostei muito da personalidade da Katniss, e do Peeta, dois jovens puros e humildes que só traem os seus valores em casos de necessidade. A maneira como os Produtores instigam a violência para conseguir mais audiência é mais uma forma de fazer ver que muitas das vezes, os actos e respectivas reacções não dependem só de nós.

 

Estou curiosa para saber os desenvolvimentos seguintes, mas não vou já retomar a leitura, até porque pode não parecer, mas para mim foi um livro duro, muito violento até, agora em breve irei ver o filme e perceber se o filme consegue captar os mesmos sentimentos da mesma forma que o livro conseguiu.

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Suzanne Collins é autora de literatura infantojuvenil e argumentista de programas televisivos infantis, nomeadamente da Nickelodeon. Em conjunto, os seus livros já venderam mais de 87 milhões de exemplares, sendo a sua obra mais conhecida a trilogia Os Jogos da Fome, com a qual conquistou os leitores dos mais de 50 países onde se encontra publicada, tornando-se bestseller à escala mundial.
Considerado o melhor livro de ficção juvenil de 2008 pelo New York Times e pela Publishers Weekly

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publicado às 23:35


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