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Opinião:

"Tudo na vida tem

Um começo

Um meio 

E um foda-se" 

 

Esta foi a minha 10° leitura de 2018 e é o primeiro a receber 5 🌟. 

Segundo livro lido do autor Raphael Montes, "Vilarejo" foi o primeiro e já tinha despertado a minha atenção para a sua escrita e estórias fantásticas, mas este "Jantar Secreto" foi mesmo um autêntico repasto.

O autor não está traduzido em Portugal, por isso foi lido em ebook brasileiro.

Atenção, não tentem fazer esta leitura depois das refeições... 

 

Dante (o narrador), Miguel, Victor Hugo e Leitão são quatro amigos que vivem em Pingo d’água, uma cidade do Paraná, famosa pelo turismo religioso. Em 2010, cheio de sonhos e recém aprovados para uma faculdade do Rio de Janeiro, os amigos embarcam na oportunidade de mudar de ambiente e dividem o mesmo apartamento em Copacabana, dando assim início a uma aventura na cidade maravilhosa...

 

Fim de 2014, a alegria da mudança de vida para a cidade grande, já há muito se tinha transformado num autêntico pesadelo, o que nenhum deles fazia ideia era que iria piorar ainda mais. 

 

Miguel fazia uma pós graduação num hospital público, bastante distante do Rio de Janeiro, Hugo terminou a faculdade de gastronomia em 2013, apesar do seu talento vivia saltando de restaurante em restaurante, ganhando uma miséria como assistente de cozinha, Dante concluiu a sua formação em administração, mas deparou-se com a "crise" no mercado de trabalho, Leitão não se formou em nada, vivia fechado no seu quarto, engordando diariamente, mas é  um "expert" em informática. 

 

"Um sujeito estava andando pela rua quando deparou com um restaurante que vendia carne de gaivota. Pediu a carne, comeu, foi para casa e se matou. Por quê?”

 

É esta charada que vai despertar a solução dos seus problemas, uma ideia exclusivamente para resolver um problema que surge da consequência de um presente de aniversário ao Leitão, o objectivo é ser elaborado uma única vez, mas a ideia é tão inovadora, lucrativa e com um sucesso tão grande que se tornou num negócio sem precedentes. Porém, tudo pode ser mais perverso e perigoso do que o jogo de servir jantares secretos! 

Será que estes quatro amigos têm estômago para levar em frente um negócio tão macabro, como o de servir carne de gaivota (carne humana)?...

 

Sem dúvida que é uma leitura chocante, mas ao mesmo tempo (a meu ver) uma chamada de atenção para uma reeducação alimentar, uma farpa para a corrupção brasileira, o fosso egocêntrico entre ricos e pobres, o alerta para o sedentarismo e até uma (quem sabe) resolução / alternativa para diminuir a fome no Mundo...

Tudo Ingredientes perfeitos para ter um excelente "Jantar Secreto", ou quem sabe, uma dolorosa indigestão. 

 

Uma estória ficcional, que tem tudo para eventualmente (num futuro (talvez) não muito distante) se tornar uma realidade. Choca o conteúdo, mas será que a finalidade é assim tão descabida? Dinheiro, status e sucesso, hoje em dia é tudo o que conta para definir o que é, ou não possível...

Antropofagia, não é nenhuma ficção, aquilo que em tempo exigia algum tipo de ritual, ou até sobrevivência, poderá um dia ser uma realidade tão natural como ir ao talho e escolher um suculento naco de carne daquela vaquinha, ou porquinho que se sacrifica para alimentar a espécie humana... 

Não, não sou uma pessoa alarmista ou pessimista, mas sim uma pessoa consciente e realista... 

 

"Não entendo nada dessas coisas. Pra mim, Bíblia é feito catálogo da Avon: só abro pra fazer pedido." 

 

"As pessoas vinculam loucura a maldade e racionalidade a bondade. Segundo estatísticas, doze por cento das pessoas ditas normais são criminosas, assassinas ou perigosas. Enquanto isso, só três por cento das pessoas ditas loucas têm potencial ofensivo considerável. Isso significa que normais matam muito mais do que loucos. Se no mundo houvesse mais loucos, haveria menos violência."

 

"Nós nos abraçamos, sem dizer nada. Ainda que eu me sentisse mal pelo jantar, naquele momento pensei que, na escala de crueldades, tinha gente muito pior no mundo. Gente que desviava verba de hospital público, que traficava órgãos, que fazia vídeos de sexo com criancinhas. A perversão não tem limites. O ser humano é um bicho escroto por natureza. Não importa o que digam, todo mundo é assim. Rico ou pobre, negro ou branco, velho ou novo, não interessa. Somos todos iguais em escrotidão."

 

“Não precisa se condenar, garoto. Essa é a mesma ignorância que faz com que você não mate um bicho, mas coma a carne dele disponível no mercado. A gente vive com uma dieta inconsistente, suavizada pelo sabor. Temos pena do porquinho e da vaquinha, mas adoramos um bom bife. Meu pai já dizia que a beleza sempre ocorre no particular, enquanto a crueldade prefere a abstração."

 

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publicado às 21:00



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