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Livros # Desafios Literários # Aquisições # Opiniões
Opinião:
Quem viu o filme "A Lista de Schindler" vai de certeza reconhecer o personagem deste livro. O seu nome é Leib Lejzon, embora seja conhecido como Leon Leyson, um dos sobreviventes de Oskar Schindler.
O objectivo deste livro é de certa forma um agradecimento a Oskar, o autor tem esperança que ele se torne parte integrante da nossa memória, tal como ele foi parte integrante da dele.
Mas não só, Leon quer partilhar a história da sua vida e de como ela se cruzou com a de Schindler, por isso o livro inicia com a apresentação da sua família e como eram os tempos antes e durante a guerra, no geral todos os que puseram as suas vidas em perigo para salvar a sua merecem aqui um reconhecimento, aos olhos de Leon todos são heróis.
Foi a primeira vez que li o relato de alguém que (sobre)viveu num gueto, apesar de não ser um relato longo tem o essencial para perceber as condições desumanas a que eram sujeitos.
É incrível as voltas que deu a vida do autor, o que teve de passar até ao dia em que foi incluído na lista de Schindler, como tantos judeus sofreu para poder sobreviver e com uma escrita bastante acessível temos bem a noção de como foi o sofrimento destas vítimas, que Leon teve uma segunda oportunidade e que a aproveitou da melhor forma possível constituindo uma família.
Na minha opinião este livro é mais uma excelente opção do Plano Nacional de Leitura o livro é recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma, com descrições na medida certa em termos de sensibilidade, vai com toda a certeza fazer os nossos jovens (e adultos) terem a noção e compreenderem o que foi o Holocausto, contado por um sobrevivente que infelizmente já faleceu, mas que deixou este relato para jamais ninguém se esquecer.
"Aos olhos dos nazis, nós, judeus, éramos um único grupo odiado, o exato oposto do ideal louro e de olhos azuis dos «arianos» puros. Na realidade, esse alegado contraste não era de todo real. Muitos judeus tinham olhos azuis e cabelo loiro, e muitos alemães e austríaco, incluindo Adolfo Hitler, tinham olhos e cabelos escuros. Mas o dogna nazi metia os judeus todos no mesmo saco, como o odiado inimigo dos arianos. Para eles, ser judeus não tinha a ver com aquilo em que acreditávamos, mas com a nossa alegada raça.
Aquilo não fazia sentido para mim e cheguei a perguntar-me como podiam os próprios nazis acreditar em tais condições. Se se tivessem dado ao trabalho de olhar realmente para nós, teriam visto seres humanos tal e qual como eles: alguns com olhos azuis, alguns com castanhos. Teriam visto famílias tal e qual como as suas: filhos e filhas, mães e pais, médicos, advogados, professores, artesãos e alfaiates, indivíduos de todas as classes."
Leon Leyson (1929-2013), de seu verdadeiro nome Leib Lezjon, nasceu a 15 de Setembro de 1929, em Narewka, uma cidade a nordeste de Varsóvia. Após a Segunda Guerra Mundial, passou três anos num campo de refugiados perto de Frankfurt, na Alemanha. Partiu para os Estados Unidos em 1949, onde se radicou. Alistou-se no Exército durante a Guerra da Coreia e mais tarde tornou-se professor de artes industriais no ensino secundário em Hunting Park, na Califórnia, profissão que exerceu durante 39 anos. Foi distinguido pela Universidade Chapman pelo seu trabalho de educador e na sua qualidade de testemunha do Holocausto. Faleceu no início de 2013, um dia depois de entregar o manuscrito final deste livro à editora.