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Conclusão do projecto #hol72

por Tânia Tanocas, em 03.02.17

Dou por concluído com sucesso o primeiro desafio de 2017, “Holocausto em Janeiro” ou #hol72.

Este foi o desafio mais angustiante que já realizei até agora, o mês de Janeiro foi bem produtivo em termos de leituras e também de lágrimas, raiva, desespero, mas igualmente recheado de uma imensa esperança.

 

11 Livros lidos:

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Não me quis limitar a ler a chacina “só” de Judeus, por isso li um pouco de tudo, foram muitas lutas e estórias, em que umas terminaram bem e outras nem por isso. Intercalei leituras de ficção e outras reais, mas tentando nunca sair do contexto a que me tinha proposto.

Sonderkommando” de Shlomo Venezia - Os incompreendidos das câmaras de gás, que eram obrigados a ocultar e fazer o “trabalho” sujo dos nazis.

Memórias de Anne Frank de Theo Coster  – Colegas de escola de Anne Frank recordam a jovem e como sobreviveram aquela época.

O Rapaz no Cimo da Montanha de John Boyne – Como reagiria alguém que convivesse diariamente com Hitler.

Chamava-se Sara de Tatiana de Rosnay – Afinal a França não foi só vítima.

A Mala de Hana de Karen Levine – O Japão quer esquecer que foi aliado de Hitler, mas a sua população não deixa que tais actos fiquem no esqueçimento.

Sobrevivi ao Holocausto de Nanette Blitz Konig – Colega de Anne Frank, relata a sobrevivência num campo de concentração e como foi continuar com a sua vida.

Canção de embalar de Auschwitz de Mario Escobar  – A devastação e esperança da etnia cigana.

Triângulo Rosa de Rudolf Brazda, Jean-Luc Schwab – Um homossexual perseguido e condenado pela sua condição.

Um Saco de Berlindes de Joseph Joffo – Uma fuga de dois meninos com apenas 10 e 12 anos de idade.

A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata de Mary Ann Shaffer, Annie Barrows – As memórias dos habitantes de uma ilha enquanto viviam sob a ocupação nazi, um relato de esperança nos pós guerra.

Aristides de Sousa Mendes - Um Homem Bom” de  Rui Afonso – Um Português que preferiu desobedecer as ordens de um homem e ficar de bem com a sua consciência.

 

Deixei três leituras pelo caminho e umas quantas para mais tarde ler. Não que fossem más, mas naquele momento em que as encarei não me estavam a dar a devida “satisfação”, então preferi colocar em standby para mais tarde as resgatar e retirar o devido mérito que todas as obras acerca do tema merecem.

 

Leituras para retomar mais tarde:

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“Paisagens da Metrópole da Morte” de Otto Dov Kulka – Muito filosófico para altura em que peguei nele.

“O Homem em Busca de um Sentido” de Viktor E. Frankl – Não estava a conseguir compreender a mensagem do autor.

“Maus: A História de um Sobrevivente” de Art Spiegelman – Era para ser a minha última leitura, até estava a gostar, mas acho que já acusava a “sobrecarga” de ter passado o mês todo a ler sobre o tema, e a BD não estava a cativar como eu imaginei que cativasse.

 

E que reflexões concluí com estas leituras?

Que sou muito abençoada pela vida que levo, por acordar todos os dias com algum conforto, ter as minhas comunidades básicas e viver em liberdade. Os meus problemas aos olhos destes sobreviventes são uma autêntica futilidade, em que dou muito valor a quem passou pelo pior dos pesadelos, tento não me queixar e aproveitar cada segundo como se fosse o último, para tirar prazer daquilo que me faz feliz.

Todos fazemos parte de um Mundo cada vez mais incerto e minado por constante guerras e atitudes que se podem traduzir em autênticos descalabros para os vários povos que habitam a terra. Hoje, neste preciso momento, nem todas as pessoas têm a sorte de se sentirem confortáveis e em paz, tal como aconteceu a esta gente que passou pelo Holocausto e I /II Guerra Mundial, uns estarão no paraíso a beneficiar ou retraídos sem fazer nada com todas as crueldades praticadas e outros num autêntico inferno, onde cada minuto, cada segundo parece não ter fim.

 

Deixo para o fim desta minha reflexão um desejo!...

Se cabe a cada um de nós, gerações actuais e mais nova, de todas as raças e credos não deixar cair no esquecimento, nem renunciar ao que se passou há mais de 70 anos, então desejava igualmente que o senhor Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu leia, ou releia as histórias e relatos do seu povo, para que não faça o mesmo com outras religiões, raças e povos que eventualmente sofrem ou sofrerão. Um dia, foi a Europa que dizimou o seu povo, talvez um dia, seja essa mesma Europa que vai acolher os Judeus, cujo destino não está a ser bem liderado por quem os devia dignificar. Também o “Senhor” Presidente dos EUA, não deveria banalizar os soldados que se debateram, tombaram e sofreram para destruir o regime de Hitler e as suas ideologias, nem tão pouco esquecer aquele que foi o passado benemérito do povo Americano.  

 

Agradeço à Dora por ter criado este desafio, que se revelou muito gratificante, é claro que não vou parar de ler sobre o tema, quero sempre que possível ler e tentar compreender mais e mais.

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publicado às 22:03

"Sonderkommando" de Shlomo Venezia - Opinião

por Tânia Tanocas, em 02.02.17

Sinopse

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A minha opinião:

Não foi esquecimento o facto de só agora estar a escrever a minha opinião acerca da primeira leitura do ano de 2017 para o projecto #hol72, foi completamente intencional, pois para mim este foi o pior relato acerca do Holocausto que eu alguma vez li até hoje.

 

No final do ano passado vi “O Filho de Saul”, um filme Húngaro de László Nemes, este filme chamou a minha4 (3).jpg atenção porque, inconscientemente, nunca tinha pensado naqueles presos que tinham de lidar com o “trabalho sujo” dos alemães. Confesso que o filme mexeu bastante comigo e logo comecei uma pesquisa mais pormenorizada em saber quem foram estas pessoas, como eram obrigadas a lidar com a morte e o sofrimento em “primeira mão” e como se organizavam. E foi assim que me deparei com este livro, o relato de Shlomo Venezia, um homem que trabalhou nas câmaras de gás de Auschwitz, agrupado no Sonderkommando.

 

Este livro é o registo de uma sucessão de entrevistas realizadas por Béatrice Prasquier, jornalista francesa, que entre 3 de Abril e 21 de maio de 2006 fez a Shlomo Venezia. Por isso a forma como está elaborado é em jeito de pergunta / resposta. Tendo ainda duas notas históricas bastante interessantes que nos situa em termos intemporais, uma por parte de Marcello Pezzetti, que se intitula de “A Shoah, Ausschwitz e o Sonderkommando” e outra por Umberto Gentiloni que nos explica “A Itália na Grécia: Pequena história de um grande fracasso”, ambas as notas são imprescindíveis para compreendermos o percurso de vida de Shlomo Venezia.

 

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Sonderkommando é a denominação dada a um grupo de pessoas que actuavam nos campos de concentração sob o comando dos nazis. Eram recrutados entre os prisioneiros recém chegados, mais robustos e tinham como função a execução das tarefas mais críticas, tais como enterrar os corpos dos prisioneiros mortos, limpeza das câmaras de gás e outros serviços aos quais os alemães não ousavam executar. Devido à condição de grupo especial, tinham alguns privilégios, tais como, uma alimentação um pouco melhor, melhores condições no alojamento, regalias essas que aos olhos dos outros prisioneiros eram vistas como se o Sonderkommando fossem uma ramificação dos nazis, isto é, para muitos o Sonderkommando era vistos de igual crueldade como os actos praticados pelos alemães.

 

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Entretanto, não duravam muito nesta função, integravam de tempos em tempos, as listas de pessoas a serem exterminadas após algum tempo de serviço, sendo substituídas por novos componentes que mais adiante eram mortos e substituídos por novos membros, e assim sucessivamente. Tudo para manter em segredo as operações de extermínio do conhecimento dos outros prisioneiros do campo de concentração, eram também mantidos isolados.

É angustiante ler o que Shlomo Venezia nos vai relatando, muitas das vezes não consegui avançar na leitura, fiquei chocada com a “visualização gráfica” de algumas cenas relatadas.

 

“ Foi apenas alguns dias após a nossa chegada. Um Kapo procurou-nos e disse que, se quiséssemos fazer um trabalho suplementar, nos era dado uma dupla ração de sopa. Todos quisemos ir, pois a fome era maior do que tudo. Fui incluído nas dez pessoas escolhidas para executar o trabalho.(…) 6c0b4d5bfc1fd4eb55234a9e05bac9aa.gifO Kapo fez-nos pegar numa carroça, como as usadas para transportar feno. Só que para puxar a carroça éramos nos que estávamos no lugar dos cavalos. Fomos ate um barracão na ponto do sector de quarentena. Tinha o nome de Leichenkeller: quarto dos cadáveres. Ao abrirmos a porta, um cheiro atroz nos apertou a garganta, era o fedor de cadáveres em decomposição. (…) Os cadáveres eram deixados naquele lugar até serem levados ao Crematório para serem incinerados. Os cadáveres podiam ficar ali, apodrecendo, durante 15 ou 20 dias. Os que estavam mais por baixo encontravam-se a num estado de decomposição avançado, por causa do calor.

Se soubesse que o trabalho “suplementar” consistia em tirar aqueles cadáveres para levá-los até ao Crematório, teria preferido morrer de fome, em vez de fazer isto.”

 

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Quando Shlomo Venezia nos relata que teria preferido morrer de fome a ter trabalhado no Sonderkommando, já deve dar para perceber o quanto vai ser duro ler o seu relato. Neste livro ele vai aprofundar como era a chegada dos prisioneiros ao campo, quais as patifarias utilizadas pelos soldados nazis para diminuir as reacções diante da morte de quem se aproximava nas câmaras de gás, como eram as selecções de quem viveria (por mais algum tempo) ou morreria imediatamente, o terror, medo, a rotina dos crematórios e o facto de que os próprios integrantes do Sonderkommando, de tempos em tempos, também seriam eliminados.

 

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Durante a sua narração, deparamos com o nome de outro Sonderkommando.

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David Olère foi um pintor e escultor judeu, nascido na Polónia em 1902. Foi prisioneiro dos Alemães, no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, de 1943 a 1945. Tornou-se o prisioneiro n.º 106 144 e concedido ao serviços do Sonderkommando em Birkenau, primeiro no Bunker 2 e mais tarde no Crematório III.

Libertado pelas tropas norte-americanas em princípios de Maio de 1945, empenhar-se-ia depois em testemunhar, através de desenhos e pinturas, a pavorosa experiência que tinha vivido no Sonderkommando. Faleceu em França em 1985.

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Shlomo Venezia nasceu em Salonica, na Grécia, a 29 de Dezembro de 1923, no seio de uma família judaica. A 11 de Abril de 1944, com 21 anos, Shlomo e alguns elementos da sua família chegaram ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde integrou o Sonderkommando. O autor dedicou-se, a dar a conhecer ao mundo o que foi o horror do holocausto. Faleceu a 1 de Outubro de 2013 em Roma, Itália.

 

 

Nota: As imagens deste post são desenhos de David Olère, elas ilustram bem o quanto foi traumatizante fazer parte do Sonderkommando e relatam bem o que os olhos deste sobrevivente não conseguiram esquecer. Por estas imagens podem ter uma pequena ideia do que vão encontrar no livro de Shlomo Venezia. 

Um dia, vou fazer um post só com imagens de Davis Olère, acho que espelham bem o sentimento de quem passou pelo Holocausto, só de olhar para elas dà um aperto no coração e na alma...

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publicado às 22:45

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A 27 de Janeiro de 1945, as tropas Soviéticas entram no campo de concentração de Auschwitz – Birkenau, um dia que deveria ser de alegria e comemoração, mas que logo há chegada se confirmou ser um dia de horror, ao constatarem as atrocidades que os seus olhos viam naquelas pessoas que tentavam não perder o seu último suspiro de vida.

 

Faz hoje precisamente 72 anos. Parece um passado muito longínquo, mas o que estas pessoas passaram jamais deveriam ter sentido, quanto mais ser esquecido, resta a nós gerações actuais e as futuras, para sempre serem relembradas todas as desumanidades vividas no Holocausto.

 

Assim, a 1 de Dezembro de 2005, numa das Assembleias Geral das Nações Unidas, foi decretado o dia 27 de Janeiro, como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, para que o mundo e os povos possam homenagear e recordar os mais de onze milhões de pessoas, vítimas das crueldades do regime Nazi.

 

Quando falo, escrevo, leio, penso e reflicto sobre o Holocausto, não me cinjo só aos Judeus (6 a 7 milhões), mas igualmente de outros povos, raças e credos que também sofreram, como foi o caso dos Eslavos e Poloneses (não judeus - 3,5 a 6 milhões), Ciganos (220 mil a 1,5 milhão), Dissidentes políticos e religiosos: 1 a 1,5 milhão, Deficientes físicos e mentais (200 a 800 mil), Testemunhas de Jeová (1,5 a 5 mil), Homossexuais (5 a 25 mil).

 

Este mês, com o projecto #hol72, tenho tentado não esquecer e sentir minimamente a dor (como se isso alguma vez fosse capaz) de todos aqueles que quiseram transcrever para o papel as suas memórias e a realidade vivida naqueles anos, realidade essa que muita gente quer escamotear e até, de uma maneira ou de outra, trazer para a realidade dos nossos dias (talvez não com a mesma dimensão, mas por mínima que seja a intenção, já é o suficiente para nos colocar em alerta).

 

Gostava, que todos nós perdesse-mos uns minutos para pensar e até porque não, explicar aos membros mais novos o que foi o Holocausto, Shoah, Genocídio.

Gostei muito deste artigo do jornal DN, porque não irem lá espreitar e ficarem mais consciencializados com o facto, quer seja para se informarem mais ou para divulgarem.

http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/recordar-o-holocausto-5631096.html

 

Termino deixando aqui um vídeo de Auschwitz (actualmente), hoje em dia transformado em museu. Muito se perdeu em termos de factos históricos, mas acho que dá para terem uma (mínima) ideia de como era sobreviver nestes campos, com fome, doenças, frio... 

 

Já estou a fazer este post um pouco fora do contexto (de horas), mas não queria deixar de assinalar este dia, pois nunca, jamais, estará fora da minha lembrança e pensamento...

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publicado às 23:56

 Sinopse

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A minha opinião:

A primeira sensação que tenho ao terminar esta leitura é de que é “mais do mesmo” sobre o assunto. Mas depois, fico a remoer sobre o relato desta mulher, o que ela menciona sobre os pequenos (grandes) confortos básicos do nosso dia-a-dia e bate na minha consciência de que não é nada só mais um testemunho perdido no meio de tantos, mas sim uma chamada de atenção para todos nós.

 

Esta senhora, como a maior parte dos sobreviventes e não sobreviventes do Holocausto passou por provações que para muitos humanos seria motivo de pânico, morte ao primeiro contratempo.
Foi interessante ler por tudo o que passou, mas a beleza deste livro está na parte pós Holocausto, em que teve de (literalmente) sobreviver para viver.

 

Dir-se-á que teve alguma sorte, sim é verdade, mas muitas das vezes a sorte conquista-se, luta-se diariamente com todas as nossas forças, abdica-se de certezas e envereda-se e pelo desconhecido.
Tudo o que hoje é seu foi adquirido com muita força, perseverança e vontade, sem a ajuda de (quase) ninguém, na altura não se falava do assunto para se poder esquecer, não havia psicólogos para tudo e para nada, estas vítimas acabaram por sobreviver fisicamente a um trauma que dizimou as suas almas. Nanette conquistou o direito a viver, constituiu uma família, mas sem nunca esquecer do que passou e de que a linha entre a paz e a guerra é sempre uma ligação muito ténue.

 

O seu primeiro destino foi o campo de Westerbork, tinha sido construido pelo governo da Holanda em 1939 para receber os judeus refugiados da Alemanha, que tinham medo do perigo crescente que o Partido Nazi representava para a sua segurança. Esta foi uma estrutura muito útil para os interesses perversos alemães. No final de 1941, decidiram que este era o local ideal para ser o campo de transição dos judeus holandeses que seriam deportados para os campos de extermínio. Em Julho de 1942, os alemães assumir o controlo do local e a operação foi iniciada. Era um local de paragem antes de se ser enviado para a morte. Só depois foi enviada para o campo Bergen-Belsen, este local não era considerado um campo de extermínio, mas será que deixar pessoas morrer de fome, de doenças, de frio e sem as mínimas condições básicas, não é mais uma forma de extermínio? Foi aqui que teve um último contacto com a colega de escola Anne Frank.

 

“Infelizmente, não existe o botão «Delete» na minha mente. Gostaria de poder apagar o que vi e vivi e, especialmente, a sensação de sofrimento. Esse sofrimento não estava só dentro de mim, estava fora. Eu respirava o sofrimento, ele fazia parte do meu mundo. Mas depois, penso: de que me adiantaria esquecer? O que ganharia com isso? Paz? Talvez, mas uma paz falsa, uma paz cega, pois sei que esquecer é permitir que outros, nos nossos piores pesadelos, também possam passar por isso. Eu recordo para poder viver, porque esquecer significa morrer e perder de vez a minha família.”

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 Nanette Blitz Konig

Nasceu em Amesterdão a 6 de abril de 1929, é conhecida por ter sido uma das amigas da escritora judia Anne Frank, morta no campo de concentração de Bergen-Belsen.

 

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publicado às 20:17

"Grita" de Laurie Halse Anderson - Opinião

por Tânia Tanocas, em 21.01.17

Sinopse

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A minha opinião:

Claustrofóbico, um pedido de ajuda silencioso, um relato bem elaborado por parte de quem se sente vítima de algo. Um grito silencioso, que nos alcança com todo o som possível. Só quem não quer ver é que não consegue ouvir este “Grita”.

 

Iniciei esta leitura no final de 2016, mas coloquei-a em stand-by porque achei que não era o momento adequado para ouvir o grito de Melinda Sordino. O livro é relatado de uma forma interessante, ressalvando os aspectos importantes ou desabafos da protagonista por um ano lectivo inteiro, subdividindo esse ano pelos vários períodos escolares.

 

No final do ano anterior acontece a Melinda algo que vai mudar a sua vida e o relacionamento entre aqueles que antes eram seus amigos. E quando mais um ano escolar inicia, ela não consegue lidar com o sucedido transformando-se numa pessoa sozinha e antissocial. Ninguém consegue compreender Melinda, e o mais impressionante é que o ambiente em casa (que devia de ser o seu porto de abrigo) também não reina a paz.

 

Considero este livro uma autêntica chamada de atenção de e para qualquer pessoa que se sinta presa a algo e que não tem escapatória. As pessoas são más, mesquinhas, insensíveis e não querem ver além do seu próprio umbigo, Laurie conseguiu transcrever bem o sentimento de quem quer gritar, mas não consegue mais do que enfrentar o seu silêncio sozinho.

 

Este livro tocou-me bastante na medida em que também eu nunca fui popular, não tinha grupinhos, sempre passei e passo grande parte da minha vida na solidão dos meus silêncios, na maioria das vezes este silêncio é reconfortante, mas outras vezes é um grito que se tenta calar…

Muitas das vezes a sociedade apelida-nos de antissocial, pois não compreendem os nossos medos, receios e ansiedades… Também não querem entender quem de uma maneira ou outra sai dos padrões (ditos) normais da sociedade… Cabe a cada um de nós viver com os seus medos e anseios. A vida é uma selva, onde cada animal tenta sobreviver ao seu dia a dia, utilizando as suas armas, a de Melinda foi o silêncio, a minha é o de passar o mais despercebido possível.

 

É um livro curto mas acho que faltou ali algo que nos abanasse e não aquilo que fui sentindo, uma submissão aos pensamentos “marados” de Melina, por vezes contado de uma forma que nos pode baralhar um pouco, não que tenha um texto complicado, mas a forma como está elaborando pode aborrecer por vezes, principalmente quando Melinda divaga ao falar dos professores…

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Laurie Halse Anderson é uma autora de bestsellers, presença frequente no Top do The New York Times, que escreve livros para pessoas de todas as idades. Conhecida por abordar temáticas difíceis com frontalidade, sensibilidade e humor, já recebeu e foi nomeada para muitos prémios. Grita foi finalista do National Book Award. Em 2009, Laurie foi agraciada com uma distinção da YALSA - The Young Adult Library Services Association, por mérito na edição de livros para jovens e adultos.

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publicado às 01:32

Sinopse:

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A minha opinião:

Livro de leitura compulsiva, onde a ânsia de saber que final terá fez com que ficasse agarrada a cada página. Escrito em forma de ficção, mas com bastantes factores históricos a suportar esta estória.

 

Mais uma vez entramos dentro da fortaleza assassina nazi, Auschwitz, mais propriamente em Birkenau II, Desta vez deixei-me levar pela saga de uma família cigana, mais uma raça que foi fortemente aniquilada em proveito dos ideais de Hitler. Os tempos ruins já estava a decorrer e esta família tentava ao máximo passar despercebida, algo que se vai revelar desastroso aos olhos de quem tudo via na altura.

 

Helene Hanneman, alemã “pura”, enfermeira, mãe de 5 filhos e casada com o grande amor da sua vida. A vida desta mulher tinha tudo para ser perfeita, mas deste cedo que ela é hostilizada por ter escolhido para marido um cigano. Os soldados nazis chegam a sua casa, quando ela se preparava para ir trabalhar e levar os filhos à escola, no meio desta tarefa perfeitamente normal tudo se desmorona e quando Helene pensa que “só” o seu marido vai ser afectado com a detenção, logo surge mais um murro no estômago…

“- As crianças também são romani. A ordem também inclui a elas. Não se preocupe você pode ficar – Disse o sargento tentando explicar-me de novo a situação. Certamente o meu rosto refletia pela primeira vez o desespero que já sentia há algum tempo.

- A mãe é alemã - tentei argumentar.

- Receio que isso não importe neste momento. Falta uma criança, nos meus documentos consta que são cinco filhos e o pai - respondeu sargento muito sério.

Não reagi. Senti-me paralisada pelo temor, mas tentei tragar as lágrimas. Os meus filhos não deixaram de olhar para mim, devia ser forte.

- Preparo-os num instante. Iremos todos consigo. A pequena ainda está na cama - surpreendeu-me ouvir-me, como se realmente não fosse eu a falar, parecia que as palavras saíam de outros lábios.

- Você não vem, Frau Hanneman, só as pessoas de raça zíngara, os ciganos - disse o sargento.

- Herr polizei, eu irei para onde a minha família for. Agora permita-me que prepare as malas e que vista a pequena.”

 

A partir daqui tudo vai ser uma constante luta, desespero, dificuldades e alguma descrença, mas apesar de todos os contratempos, a união em proteger a sua família vai tentando levar a melhor. Helene vai acabar por ter um papel fundamental, naquela que seria uma tranquilidade camuflada, algo que vai dar algum conforto a mais de 50 crianças existentes naquele campo cigano em Birkenau (Auschwitz II), a criação de uma creche por ordens do doutor Mengele. É interessante ver como os ciganos se vão protegendo e a importância que dão á família.

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Estes prisioneiros também vão-se apercebendo das atrocidades do doutor Mengele, acho que foi isso que menos gostei no livro, a certa altura dou comigo a pensar neste homem como alguém bom, despromovido do todo mal que afectava os outros alemães no campo. Homem esse que foi apelidado de “anjo da morte”.

 

Não sou mãe, (nem tenho pretensão de ser) mas sou filha e este livro fez-me pensar muito na minha mãe, em todos os sacrifícios que ela faria para proteger e criar o mínimo bem-estar aos seus filhos, por isso não conseguir ficar indiferente a esta maravilhosa história de coragem, determinação e todo o amor maternal.

 

“Às vezes temos que perder tudo para conseguir obter o mais importante. Quando a vida nos despoja daquilo que julgávamos imprescindíveis e nos encontramos nus diante da realidade, o essencial que é sempre invisível aos olhos, ganha a sua verdadeira importância.”

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Mario Escobar, Licenciado em História e Diplomado em Estudos Avançados em História Moderna, escreveu inúmeros artigos e livros sobre a Inquisição, a Reforma Protestante e as seitas religiosas. É colaborador habitual da National Geographic História e História 16. Trabalha como director executivo de uma ONG e é director da revista Nueva Historia para el Debate. Interessado nos mistérios ocultos por detrás da história, da religião e da ciência, tem dedicado toda a sua vida a desvendá-los.

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publicado às 01:32

Sinopse:

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 A minha opinião:

Relato de um homossexual que sobreviveu às mãos dos nazis. Tal como tenho referido não foram só os judeus que sofreram na pele o racismo.

Rudolf Brazda abre as portas da sua vida, para relatar o seu passado, como foi preso (duas vezes antes de ser deportado), humilhado e enviado para o campo de concentração de Buchenwald a 8 de Agosto de 1942.

Por mais despercebido que passassem, as denúncias e o “faro” das SS quase não deram descanso a Rudolf, tiveram um parágrafo (nº 175) exclusivamente para designar as suas práticas, consideradas pecaminosas.

 

Os homossexuais ainda tiveram uma altura que respiraram de alívio, quando os nazis chegam ao poder em 1933, o SA Ernest Rohm (homossexual assumido), deu-lhes alguma esperança de ficarem de fora do olhar de Hitler, mas depois tudo mudou a seguir á Noite das Facas Longas a 30 de Junho 1934.

Mas voltariam a ser humilhados quando a 18 de Fevereiro de 1937 o SS Himmler declara que: “...se continuarmos assim, o nosso povo corre o risco de ser aniquilado por essa praga, os homossexuais são considerados indivíduos não reprodutores e assim não podem assegurar a perenidade da raça", também a masturbação entre os homossexuais era considerada perniciosa pelo regime nazi. Com este discurso de Himmler, os homossexuais deixam de responder por crimes morais e inicia-se uma autêntica caça aos homossexuais, tal como a outras minorias e aos judeus.

 

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A inevitável deportação de Rudolf deu-se a 8 de Agosto de 1942, o campo de concentração de Buchenwald, fica no topo de uma colina de Ettersberg, o campo não era visível por quem olhasse de baixo, o nome significa “floresta de Faia”, tudo para dissimular a brutalidade do local, para se chegar ao campo só havia uma estrada através da densa floresta. Ao redor do campo havia pequenas casas para acolher os SS e as suas famílias, e até um zoo particular, todas estas instalações se espalhavam por 200 hectares.

 

“”Prenda o fôlego!”, diz o SS, antes de afundar a cabeça de Rudolf no líquido e mantê-la submersa. Rudolf se debate e engole o desinfectante. Quando, enfim, o SS deixa de fazer pressão, Rudolf consegue sair penosamente da cuba. Ele fica com uma náusea extrema e vomita, sob as risadas dos senhores do lugar que assistem à cena.

Começa o lento processo de desumanização.”

 

Os presos homossexuais não ficavam todos juntos nos mesmos barracões eram dispersos por todo o campo, acima do seu número e à altura do coração, todos os presos tinham de colocar um pequeno triângulo invertido feito de tecido colorido, o vermelho para presos políticos, o preto para os “antissociais”, o verde para os “criminosos profissionais”, para Rudolf a sua estrela era a rosa, para estigmatizar a homossexualidade.

 

Também os homossexuais eram uns dos alvos preferido para as frequentes experiências feitas por médicos nazistas nos campos de concentração, no final de 1944, o clínico geral Carl Vaerner acreditava ser possível fazer a “inversão da polaridade sexual” em homossexuais. Na virilha de alguns, foram implantadas glândulas artificiais. Os triângulos rosas eram as cobaias preferidas para estes testes.

 

Apesar de todos estes dissabores na sua vida, é gratificante ler quando Rodolf aos 98 anos diz que, “Se Deus existe, ele foi particularmente bom comigo, porque tive uma vida feliz e plena. E, se eu tivesse de refazer tudo, não mudaria nada, nem mesmo a minha passagem por Buchenwald!”

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Rudolf Brazda, nasceu a 26 de Junho de 1913 e morreu a 3 de Agosto de 2011, era o último sobrevivente conhecido da deportação por motivos de homossexualidade. Fazendo seguimento às duas condenações por infracção ao parágrafo 175 do antigo código penal alemão, foi preso quase três anos no campo de concentração de Buchenwald. Imediatamente após a sua libertação, instalou-se em França onde vivia desde maio de 1945.

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publicado às 23:38

"A Mala de Hana" de Karen Levine - Opinão

por Tânia Tanocas, em 19.01.17

Sinopse

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A minha opinião:

Este curto livro é bastante interessante, na medida de que o seu conteúdo nada mais é do que aquilo que neste mês tenho estado a fazer com um desafio #hol72. 

Isto é, não deixar cair no esquecimento todas as atrocidades praticadas pelo regime nazi, ouvir e ler atentamente o que cada sobrevivente se dignou a relatar.

 

Como devem saber o Japão foi um dos aliados de Hitler.

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Fumiko Ishioka é directora do centro Educacional do Holocausto de Tóquio, centro criado por um doador anónimo japonês que visa dar conhecimento ás novas gerações do que se passou durante o regime nazi.

Diante do interesse dos jovens do grupo "Pequenas Asas" decide dar mais credibilidade aos factos relatados, pedindo às várias fundações do holocausto artefactos que posso comprovar as atrocidades que explicou.

 

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Então Fumiko a pedido das várias crianças do grupo, vai entrar numa terrível viagem ao passado para resgatar alguma informação acerca da dona da mala. Será que vai ser bem sucedida?  E mais não digo...

 


O livro lê-se bem, contém o suficiente e contado de maneira para que uma criança ou jovem conheça a história destes milhões de pessoas mortas às mãos do regime nazi. A mala de Hana é a chave para o sucesso de sua missão. Dentro dela há uma história de tristeza profunda e alegria intensa, uma lembrança da brutalidade do passado e da esperança do futuro.

 

Gostei particularmente da determinação de Fumiko em conseguir realizar um trabalho cada vez mais difícil, pois há medida que o tempo passa vai caindo no esquecimento...  Por isso acredito que cabe a nós adultos, passar a palavra às nossas crianças para que elas tenham a noção do que foi o Holocausto...


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publicado às 22:23

"Chamava-se Sara" de Tatiana de Rosnay - Opinião

por Tânia Tanocas, em 16.01.17

Sinopse

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A minha opinião:

Estava desejosa de efectuar esta leitura, só ouvia e lia maravilhas acerca deste livro. E também tenho muita curiosidade em ver o filme baseado no livro (Elle s'appelait Sarah).

Gostei da premissa histórica (cujo o conteúdo não conhecia) como a própria autora refer no início esta estória é fictícia.

 

Preâmbulo da autora :
"As personagens neste romance são inteiramente fictícios. Mas alguns dos acontecimentos aqui descritos não o são, por exemplo aqueles que ocorreram na França ocupada durante o verão de 1942, em particular a grande rusga do Velódrome d'Hiver, a 16 de julho de 1942, no coração de Paris. Este não é um romance histórico nem tem pretensões a sê-lo. É a minha homenagem às crianças do Vél' d'Hiv. As crianças que nunca regressaram. E àquelas que sobreviveram para o contar."

 

Iniciamos a leitura em França, a 16 de julho de 1942, começam as primeiras rusgas aos judeus franceses, não pelos soldados nazis, mas pela mão e ordens da polícia francesa. As primeiras vítimas foram expulsas das suas casas e encarceradas num pavilhão, famoso por dar vida a corridas de bicicletas, o Vélodrome d'Hiver. (Vél' d'Hiv é o diminutivo, o pavilhão já não existe, foi demolido em 1959).
Só nessa primeira rusga, oito mil judeus foram privados da sua liberdade, mais de quatro mil eram crianças, que foram encurraladas no Vél' d'Hiv, com idades entre os dois e os doze anos. A maior parte eram francesas, nascidas em França. Destas primeiras pessoas retidas nenhuma regressou de Auschwitz... Estima-se que onze mil crianças francesas foram deportadas de França para campos de concentração...

 

Como a maioria das pessoas, os franceses não judeus acabaram por "beneficiar" (consciente ou inconscientemente) dessas rusgas, ficando com as suas casas e bens.

Julia Jarmond uma americana apaixonada por França, jornalista, está a restaurar o apartamento que pertencera à avó do marido e no decorrer de uma reportagem que tem de fazer acerca do Vél' d'Hiv, onde se depara com alguns factos desconhecidos, as coisas começam a ganhar contornos impossíveis de imaginar, nomeadamente a descoberta desenfreada por quem antes viveu no apartamento que agora é seu.
"Por vezes, Miss Jarmond, não é fácil voltar ao passado. Surgem surpresas desagradáveis. A verdade é mais dura do que a ignorância. "

 

Adorei a personagem Sara Starzynski, ir seguindo os passos da sua vida foram um dos pontos chaves e emocionantes da estória... Mas não conseguir ter empatia com Julia, não sei se foi intenção da autora criar uma personagem forte (Sara) e outra fraca (Julia) mas foi isso que senti, uma Julia submissa, perdida, fraca e que em momentos tinha "picos" de coragem e força mas logo perdia toda a sua auto-estima e assim, aos poucos, ia fazendo com que eu perdesse alguma credibilidade na sua personagem, a filha de 11 anos, acaba por vezes tendo alguns comentários e comportamentos mais adultos do que a própria mãe.

 

Em resumo, gostei muito desta leitura, conhecer mais um facto histórico acerca do Holocausto e II Guerra Mundial, facto esse que só em 16 de Julho de 1995, o presidente da República Jacques Chirac reconheceu a responsabilidade da França na rusga e no Holocausto...

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Vélodrome d’Hiver

 

"Há 74 anos teve lugar a rusga do Vélodrome d’Hiver (Velódromo de Inverno). A 16 de Julho de 1942, às 4 horas da manhã, 12.884 judeus foram detidos. Entre eles estavam 4.051 crianças 5.802 mulheres. A maioria foi enviada para o Vélodrome d’Hiver, situado no 15º bairro de Paris. Os outros foram levados directamente para o campo de concentração de Drancy. A polícia francesa do regime de Vichy teve um papel fundamental nas detenções.
page (1).jpgVélodrome d’Hiver converte-se numa prisão provisória. Durante 5 dias, 7.000 pessoas vão tentar sobreviver sem comida e com um único acesso à água. Os que tentaram fugir foram imediatamente abatidos. Uma centena de prisioneiros suicidar-se-á.
A rusga do Vélodrome d’Hiver representou mais de um quarto dos 42.000 judeus enviados para Auschwitz em 1942. Só 811 regressaram. Em 16 de Julho de 1995, o presidente da República Jacques Chirac reconheceu a responsabilidade da França na rusga e na Shoah." Texto retirado daqui...

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publicado às 18:25

Sinopse

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A minha opinião:

Jonh Boyne, tal como já tinha feito com "O Rapaz do Pijama às Risca" conseguiu contar para os leitores mais jovens os efeitos devastadores das acções nazistas.

 

Este livro inicia em 1936, acompanhamos Pierrot Fischer, um menino de sete anos, filho de mãe francesa e pai alemão a residirem em França.

 

Dir-se-ia que eram uma família feliz, mas não eram, a grande guerra não lhe tinha levado o pai fisicamente, mas era como se ele tivesse ficado lá...

 

Anshel, nasceu surdo, tornou-se um amigo inseparável de Pierrot, apesar da deficiência do amigo, entendiam-se perfeitamente.

Os tempo maus já se faziam sentir e a vida de Pierrot sofre uma enorme reviravolta de tal maneira que é enviado para um orfanato.

 

Mas a sua estadia não é por muito tempo, uma tia (Beatrix, irmã do pai) tem conhecimento da situação e vai levar o menino para o sítio mais improvável de todos, mas sem dúvida que de momento é o local mais seguro da Europa, ou talvez não seja bem assim...

 

Pierrot vai ter de mudar o seu comportamento, as suas rotinas, esquecer o passado e até alterar o seu nome para Pieter, com toda a sua inocência ele não compreende o porquê de todas aquelas mentiras, mas acarreta fazer tudo bem para não incomodar o dono da casa da montanha...

 

A vivência de Pieter sob o comando do "Senhor", revela aos longo dos anos uma nova personalidade.  Mas será que podemos condenar Pierrot / Pieter, face aos factos revelados ao longo do livro?

 

É interessante acompanhar o desenvolvimento das ordens dadas por quem comanda a guerra, uma acção vista pelos olhos do inimigo, acompanhar ao pormenor todas as decisões, ver como é que o ser humano consegue profanar a inocência de uma criança...

 

Em parte não concordei com o desfecho que Pieter teve, aos meus olhos, fiquei com a sensação de impunidade, mas acho que Pierrot acabou por vir ao de cima, é difícil sair incólume depois de perceber o que se passava, consequência de alguns anos privado da verdade e nada melhor saber da realidade do que ouvir da boca de quem conhecia bem o inocente Pierrot...

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 John Boyne

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John Boyne nasceu em Dublin, em 1971. Estudou no Trinity College, em Dublin, e na Universidade de East Anglia, em Norwich. Foi escritor-residente da Universidade de East Anglia para a área da Escrita Criativa e trabalhou durante vários anos como livreiro. Dedica-se actualmente à escrita a tempo inteiro. Publicou já quatro romances para adultos e um para jovens, tendo este último (O Rapaz do Pijama às Riscas) conhecido enorme sucesso em todo o mundo. Vive em Dublin.

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publicado às 23:25


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