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Livros # Desafios Literários # Aquisições # Opiniões
Desde o início deste ano que decidi alterar os meus posts de compras, sendo assim irei colocar as minhas aquisições de três em três meses. Acho que assim irei controlar melhor os meus impulsos e fazer deste ano o mais baixo em aquisições.
Só para terem uma ideia, no mês de Janeiro a única compra foi a colecção do jornal Expresso.
Espero continuar assim e que para o próximo trimestre sejam ainda menores, o que duvido derivado há Feira do Livro...
Colecção Inéditos do jornal Expresso
Aproveitando uma promoção no site da Alêtheia Editores, comprei estes quatro novos amigos por 16€.
(Acho que a editora deveriam rever a política de portes, paguei quase 3€ só nos portes, queria mais um livros, mas acabou por ficar lá, porque o orçamento se esgotou com o pagamento dos portes ).
Compras feitas no OLX, o livro mais caro foi "Madame Bovary" por 5€, os do autor José Mauro Vasconcelos e "O Engenheiro das Almas" custaram 3€ cada, para finalizar, os livros da Colecção Dois Mundos foram 4€ cada.
Aquisições no supermercado Continente, ambos os livros já estavam com 50% de desconto, mesmo assim descontei perto de 8€ que tinha no cartão, ficando cada livro perto de 5€.
Em três meses até que não me portei muito mal, só eu sei o quanto tive de me controlar...
Opinião:
Desilusão, é a palavra que mais define esta leitura...
Depois de ter lido "Porque Escolhi Viver" da Yeonmi Park, fiquei um pouco angustiada com o modo de sobrevivência destes habitantes... Por isso já tinha vontade de ler este livro há algum tempo, mas o facto de custar 22€ (já com 10% de desconto), e de nunca o ter encontrado em promoção (nem mesmo na feira do livro de Lisboa) fez com que adiasse esta mesma vontade, por isso quando o vi na biblioteca tive mesmo de o trazer comigo, depois da leitura só fiquei contente por nunca ter cedido e pagar o preço pedido por ele, pois para mim não vale o preço exigido...
Liderado por um narcisista e completamente chanfrado da cabeça, com uma ideologia política muito aquém da desejada democracia, este país nos últimos tempos tem estado na ordem do dia, e só por motivos negativos, até mesmo esta participação nos jogos olímpicos, no meu entender, traz água no bico...
Ao ler estas 184 páginas foi como se andasse às voltas no mesmo sítio, não sei, esperava outra coisa desta BD, em vários momentos pensei que o protagonista fosse o único habitante de Pyongyang.
Acho que foi o tipo de traço usado nos desenhos, demasiado simples, sem grandes referências para poder fazer a imagem falar por si só, quer dizer, acho que as pessoas de Pyongyang não são propriamente as pessoas mais comunicativas do mundo, mas será que havia necessidade de as suprimir dos desenhos? Já são tão ignoradas pelo seu "carrasco", será que não havia maneira de lhes dar alguma visibilidade nesta história!...
Acabou por ser uma biografia muito pessoal, virada exclusivamente para descrever os dois meses que o autor passou a trabalhar na Coreia do Norte e o que fazia (ou não) nos seus tempos livres, o autor é colaborador do Estúdio de Animação SEK (Scientific Educational Korea)...
A única coisa positiva (se é que podemos chamar de positivo), foi (tentar) compreender que Kim Jong-un, quer fazer do seu país, mais propriamente Pyongyang, um paraíso para quem o visitar, um lugar capaz de rivalizar com muitas das cidades democráticas por este mundo fora, um reino construído por dois ditadores (pai e filho) do pior que pode existir, mas a intenção só não chega, e aliás de paraíso aquilo não tem nada!...
Uma das ilações retiradas desta leitura é que a Coreia do Norte é um país que não me transmite nada culturalmente, só tenho pena dos milhares de habitantes que sofrem diariamente para tentar sobreviver a mais um dia de vida miserável...
Acho que é por causa das baixas temperaturas que vejo mais cinema no início do ano do que nos 10 meses seguintes.
Aquela sensação de conforto e quentinho do sofá faz milagres, praticamente só os olhos estão a descoberto, sem ter o desconforto das mãos geladas porque estão a (tentar) segurar um livro, não sei se já vos disse mas sou bastante friorenta.
Não achei pertinente fazer destaques individuais dos filmes, até porque não sou nenhuma cinefilia, gosto da sensação de prazer ao ver um filme, mas o que para mim é bom, para muitos pode não valer nada, é a velha história da subjectividade.
Sendo assim, este mês vi 17 filmes, 2 documentários e 1 série. Alguns filmes e os documentários foram enquadrados para os projectos do Holocausto.
Vi algumas novidades, mas também tenho pérolas antigas, vou tentar descrever (em uma ou duas frases) o que determinado filme provocou em mim. A ordem dos filmes vai ser por ano, começo do mais antigo até ao mais recente.
FILMES:
8🌟 /10
1968) Um filme que vi o meu pai ver tantas e tantas vezes, nunca o tinha visto completo, só a banda sonora me acompanhava na lembrança. Gostei bastante da história e de rever alguns actores.
8🌟 /10
2012) Quem não sabe, eu adoro filmes europeus (este é espanhol), vi este filme depois de ver "Contratempo", motivada pelo realizador e roteirista serem os mesmos, gostei bastante.
7🌟 /10
2014) Não vou negar, o motivo principal foi ver o desempenho de Viggo Mortensen, mas sem dúvida que foi uma enorme lição de vida.
6🌟 /10
2014) Este foi sem dúvida o filme que mais me decepcionou. Foi "agradável" de ver, mas faltou ali qualquer coisa para me entusiasmar.
6🌟 /10
2015) Gosto dos filmes do Quentin Tarantino, o meu favorito é o "Django Libertado", mas este não me conquistou, gostei da estória e das interpretações, mas foi dos filmes do realizador que achei excessivamente longo.
8🌟 /10
2015) A vontade de ver este filme já se arrastava por alguns anos, praticamente desde que estreou. E sinceramente em nada me desapontou. Adorei o trama e o desempenho da Regina Casé, habituada a ver a actriz em papeis de comédia, foi muito bom ver o seu desempenho neste "dramalhão" da vida real.
8🌟 /10
2016) "Um conto de fadas com uma perspectiva realista", é assim que o realizador suíço Claude Barras descreve este filme de animação e eu concordo em pleno. Uma animação em que as crianças dão uma autêntica lição de vida, amizade e solidariedade aos adultos. Utilizando a técnica de animação 'stop motion' demorou vários anos até ser concluído, eu acho que valeu bastante a pena cada tempo passado a elaborar este filme. Adorei.
10🌟 /10
2016) Mais um filme europeu (espanhol), sem dúvida a grande surpresa desta "maratona" de cinema, foi directamente para o meu top de filme favorito. Um filme em que tem pelo menos três "Plot twist" e que até ao fim ficamos sem saber qual dos três será utilizado. Adorei.
7🌟 /10
2016) Nunca li nenhum livro desta dupla, mas sempre me despertou a atenção, por isso quando vi os filmes decidi logo ver. Este é o terceiro filme e foi o que menos gostei, mas mesmo assim tem uma estória envolvente. Para quem quiser ver este filme aconselho a ver os outros dois antes, apesar de serem estórias autónomas, a dupla passa por várias fases que só se compreende ao ver por ordem.
7🌟 /10
2016) Filme de animação desenhado à mão, com base na premiada graphic novel de Raymond Briggs, é uma biografia com descrições da vida e dos tempos com os pais no durante e pós II guerra mundial, passado em Londres mas mesmo assim consegue captar o efeito de Hitler no país. Ernest Briggs casa com Ethel e em 1934 nasce Raymond. Detestei a Ethel. Gostei.
7🌟 /10
2017) Gostei, mas não faz de todo o meu estilo de filme. Misturar fantasia com realidade nunca foram ingredientes que me cativassem.
8🌟 /10
2017) O filme ideal (independente de ser animação) para compreender a historia e cultura mexicana relativo ao "dia dos mortos". Uma fábula verdadeira em que a família e os mortos se reúnem sem medos nem tristezas. Adorei.
7🌟 /10
2017) Filme baseado em factos reais, a Operação Dínamo, conseguiu resgatar mais de 330 mil homens da cidade de Dunquerque (uma cidade portuária da França, na fronteira com a Bélgica), durante a Segunda Guerra Mundial com a preciosa ajuda de civis. Não conhecia a história e fiquei bastante emocionada com a coragem dos anónimos que se mobilizaram em ajudar este soldados. Sem dúvida que a coragem por vezes a arma mais forte.
8🌟 /10
2017) Até que ponto podemos perder o controlo da nossa própria vida? Sem dúvida, a partir do momento em que um individuo entra no sistema prisional. Cada segundo conta para sobreviver no mundo da prisão e este filme é um óptimo exemplo de perseverança neste mundo. Adorei.
7🌟 /10
2017) Um thriller que identifica a América do esquecimento, entregue ás próprias leis da comunidade em que existem predadores muito mais perigosos do que os animais selvagens, principalmente se forem seres humanos. Escrito por Taylor Sheridan, fiquei mais empolgada com o "Sicario" e "Hell or High Water - Custe o Que Custar!" do que com este "Terra Selvagem" do qual é escritor e realizador.
9🌟 /10
2017) Para mim este filme é a minha aposta para vencer o óscar deste ano. Um filme inteligente que mistura a revolta de uma mãe com a impunidade de uma força policial sem limites. Um drama que mistura alguns apontamentos cómicos, basicamente não se procura uma solução para a questão principal, mas apenas que a comunidade não adormeça e os assuntos abordados não caiam no esquecimento.
7🌟 /10
2017) Sem dúvida que adorei muito mais o livro do que o filme. Acho que faltou alguma emoção ao filme, um sentimento que eu tive bastante ao ler o livro. Mesmo assim, acho que conseguiu transportar para o ecrã a mensagem que o autor nos quis transmitir no livro ao contar a sua historia.
SÉRIE:
8🌟 /10
Não li o livro, apesar de o ter para ler. Depois de tantos prémios recebidos e de muito se ter falado não resisti a ver a série. Apesar de não ser muito fã da Nicole Kidman devo dizer que lhe tiro o chapéu neste seu desempenho. Um drama actual, baseado nos conflitos de uma comunidade e de cada personagem que são tão humanos tal como cada um de nós é, com as suas dúvidas, revoltas e acima de tudo o poder da amizade e união. Adorei.
DOCUMENTÁRIOS:
Documentário visto no canal National Geographic. Um documentário que retrata as decisões e paranóias do último ano de Hittler no poder.
Documentário também visto no canal National Geographic. Retrata o acto bárbaro dos nazis e que muitas pessoas (infelizmente) continuam a afirmar que não aconteceu. Documentos, objectos e fotografias que comprovam o que milhões de pessoas sofreram na pele.
No canal História vi um episódio deste documentário que se centra na caça de nazis que fugiram de um julgamento aos seus actos. O episódio que vi centrou-se no trabalho que Serge e Beate Klarsfeld (homenageados pela ONU) tiveram para fazer os foragidos terem um julgamento. Sei que o documentário também se centra na história do principal caçador de nazis, Simon Wiesenthal - O Maior Caça-Nazis da História. Certamente quero ver todos os episódios pois acho extremamente justo que os culpados sejam condenados.
De todas as bandas sonoras ouvidas, sem sombra de dúvida a da série "Big Little Lies" ficará na minha memória...
Opinião:
Agatha Christie e Poirot nunca me desiludem, balançada por ser uma das histórias mais famosas e lidas da escritora, decidi enveredar por esta viagem. Mistério, suspense e muita astúcia do princípio ao fim.
Como em todos os livros lidos da Agatha, nunca consigo descobrir o culpado e este não foi diferente, muitos suspeitos (pelo menos 12 pessoas de várias nacionalidades e idades), aparentemente sem nenhum motivo, com álibis aceitáveis e ainda com a ajuda de estarem parados e encurralados no comboio devido a uma tempestade de neve, que em nada ajuda na resolução e confirmação do caso.
Só mesmo Poirot, que por puro acaso se encontra no expresso do oriente poderá desvendar toda a situação.
A única coisa que temos a certeza é que um passageiro é deixado vivo na sua cabine e encontrado morto, tudo o resto é mistério e pura especulação.
Gostei de todo o desenvolvimento do livro, cada passageiro é interrogado individualmente, todas as hipóteses vão sendo exploradas e confrontadas, mas, apesar de arrojado e fora do normal, não gostei lá muito do desfecho, acho que o facto de ter referências a um caso antigo (que eu desconhecia) afectou o meu acompanhamento da leitura...
"-Meu amigo, quando se quer apanhar um coelho, mexe-se-lhe na toca. Se ele estiver ali, foge, com certeza. Foi o que fiz."
Certamente irei continuar a ler Agatha Christie até poder eleger o meu favorito.
E para vocês, qual é o melhor livro da autora?
Opinião:
Depois do prazer que foi ler "Uma Praça em Antuérpia" (nunca me cansarei de repetir que foi através dele que conheci (verdadeiramente) Aristides de Sousa Mendes), não hesitei em ler este livro logo que soube do seu lançamento, Luize Valente está encaixada naquele núcleo restrito de autores que irei acompanhar sem precisar de qualquer opinião ou marketing comercial...
Gosto da escrita da autora, aquele ondular entre passado e presente, o emaranhado de situações que em determinado momento se interligam surpreendentemente de alguma forma, sempre com enredos fantásticos, ampliando o conhecimento com os factos históricos que apresenta e (até ao momento) tem apostado na minha temática favorita, quando se tem os ingredientes favoritos sem dúvida que teremos uma receita infalível.
Este livro não foi diferente, uma mistura de ficção e realidade, personagens fictícias, mas com factos bem reais. "Em 2015, a autora conhece Maria Yefremov, sobrevivente do Holocausto, já com mais de 100 anos de vida e lúcida, deu à luz uma menina, no chão de um barracão imundo em Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. O bebê foi retirado imediatamente depois do parto. Dona Maria nunca mais viu ou ouviu falar da filha". Este é um dos fios condutores do livro, que nos vai fazer chegar a Amália e Haya, duas desconhecidas que têm tanto em comum.
Amália, filha de mãe portuguesa e pai alemão, descobre acidentalmente o passado renegado do pai, uma bisavó que ainda é viva, a residir na Alemanha... Curiosa pela forma como o pai é intransigente em contactar com a avó (mesmo demonstrando estar numa idade e saúde frágil), ela mesma parte em direcção ao passado e decide conhecer Frida. Aquilo que Amália descobre vai muito além daquilo que imaginava, enveredando assim por uma busca à muito caída no esquecimento.
E é assim que vamos enveredar por segredos obscuros, que aos poucos vão sendo resgatados e formar contornos que tanto têm de hediondos como de esperança.
Com uma óptima cronologia histórica dos judeus romenos e húngaros, adorei conhecer o caminho da família de Haya, percurso elaborado de forma impecável, com bastantes factos históricos que desconhecia e que foram introduzidos de forma a não "maçar" o leitor. Factos que parecem (aos olhos de qualquer ser civilizado) insólitos e despropositados, mas que destruíram muitas famílias, muitas comunidades dizimadas, muito sofrimento infligido, físico, psicológico e também nas almas daqueles seres humanos, que só queriam compreender o porquê de tanto ódio, o porquê de serem tratados pior do que animais. Tantas perguntas e no fim nenhumas respostas!...
No final, quando parecia já não haver mais nada para desvendar, surge uma nova revelação, e vou de tal maneira embalada na história que quando chego à última página e não há mais nada, fico completamente frustrada, sabem aquela sensação de estarem a caminhar apressados e de repente caem num buraco, pois foi mesmo assim que me senti, literalmente sem chão...
Não gosto nada de ficar em suspense com os finais dos livros, podem por vezes (na maioria) não ter o final que desejava, mas têm que ter uma conclusão, neste caso fiquei em suspenso, acho que a história fantástica que acabava de ler merecia um final diferente e não tão "mexeruca"...
ATENÇÃO O PRÓXIMO PARAGRAFO PODE CONTER SPOILERS:
Queria mais respostas, queria saber o que Friedrich Schmidt escreveu naquelas folhas, queria que Amália confrontasse o pai com a descoberta da verdade, queria saber se a própria Amália conseguiria seguir em frente sabendo o seu passado...
Enfim, talvez o problema tenha sido meu e não percebi o sentido daquele final...
A autora diz que existe ainda uma misteriosa ligação deste novo romance com o anterior, já li "Uma Praça em Antuérpia" à dois anos e infelizmente não consegui encontrar o tal fio condutor, mas fiquei bastante curiosa, para saber qual será...
Também achei pertinente a Sonata "fictícia" que o maestro e sobrinho da autora, António Simão, compôs para este livro, com toda a certeza que se enquadrou muito bem e bastante sentimental...
Dêm também uma espreitadela ao site da autora aqui, está muito bem executado e já agora aproveito para dizer que adoro a capa portuguesa em vez da brasileira...
Como costumo dizer, há-de vir (muito em breve) o tempo em que a memória viva do Holocausto padecerá para sempre, por isso é óptimo que surjam estes livros para que nunca ninguém se esqueça do inesquecível...
Opinião:
Um registo breve e bastante simples do que a autora passou durante a ocupação nazi na Holanda.
Ela e a família várias vezes tiveram de se mudar, mas isso não impediu que toda a família fosse devastada, fazendo com que ela tivesse de continuar a sua sobrevivência sozinha, sempre com a esperança de voltar a ver a família reunida.
Um livro que de certa forma seria perfeito para os mais novos compreenderem o regime nazi, o que provocou no seio de cada família, o medo infligido ao povo que fora marcado, sem grandes dramas ou pormenores macabros, com uma escrita poética, mas bastante elucidativa sobre os acontecimentos daquela época.
O texto é curto (120 páginas) por isso fica difícil escrever muito sobre o mesmo sem revelar toda a história, basicamente o enredo conta um pouco da trajectória de uma família judia perseguida, a protagonista do livro não tem nome, assim como alguns familiares, mas tudo aponta para que seja a experiência da própria autora.
Marga Minco nasceu em 1920 no seio de uma família tradicional judaica. Viveu em Breda, Amersfoort e depois em Amesterdão, devido à crescente ameaça da barbárie alemã foi forçada a esconder-se em várias casas. No fim da guerra dá-se conta que é a única sobrevivente da família, casou com o poeta e tradutor Bert Voeten, esta é uma das suas obra mais conhecida, é hoje um clássico da literatura holandesa.
Opinião:
O mundo ainda estava a conhecer as atrocidades do regime nazi, quando também os Estados Unidos decidiram mostrar a sua" força" e o desamor para com o ser humano...
6 de Agosto de 1945 - 08h:15m - Hiroshima ➡ Sobre a sétima cidade mais importante do Japão a 580 metros acima do centro de Hiroshima uma bomba de urânio 235 explode. Dos 350 mil habitantes estima-se que perto de 189 mil pessoas tenham morrido.
9 de Agosto de 1945 - 11h:02m - Nagasaki ➡ Cidade com 250 mil habitantes, uma bomba de plutónio 239 falha o alvo e cai na periferia, mesmo assim consegue devastar perto de 103 mil pessoas.
Estes são os factos cronológicos e científicos.
O que encontramos neste livro vai muito mais além, são a compilação de seis relatos de habitantes de Hiroshima reunidos pelo repórter de guerra John Hersey (vencedor do prémio Pulitzer de 1944). Seis pessoas aleatórias foram escolhidas, não pelo seu dramático depoimento e sobrevivência, mas simplesmente pela qualidade dos seus testemunhos. "A bomba atómica matou cem mil pessoas e estas seis contavam-se entre os sobreviventes. Ainda se interrogam por que sobreviveram elas quando tantas outras pareceram."
Gostei bastante de conhecer estes relatos, quem por ventura achar que este é um livro lamechas está enganado, este é um depoimento cru e duro, tal como a verdade de quem os viveu, o descrédito e o desamparo daquelas pessoas são tão angustiantes que para nós (vivendo em pleno século XXI) até parece sub humano tais relatos.
Achei que esta edição poderia eventualmente conter algumas imagens para nos elucidar dos acontecimentos e sobreviventes.
É triste pensar que tantas pessoas sofressem para que uma nação pudesse fazer deles cobaias, mas infelizmente é essa a ideia que cada vez mais prevalece.
72 anos depois o ser humano teima em não aprender nada com a história, apenas prevalece o egocentrismo, a luta pelo poder e a descrença num futuro onde reine a paz.
"Com base nas investigações das últimas décadas, mesmo os ensaístas universitários americanos chegam cada vez mais claramente a uma conclusão: as bombas de Hiroshima e Nagasaki foram uma demonstração estratégica de força, dos Estados Unidos contra a URSS, na luta pela supremacia mundial."
No final desta leitura fiquei com uma questão por responder: Porque Hiroshima e Nagasaki não ficaram isoladas, tal como aconteceu em Chernobyl? Respostas que surgiram na pesquisa que fiz. Achei as respostas aqui...
Opinião:
Se no primeiro livro, "Canção de Embalar de Auschwitz", Mário Escobar utiliza uma escrita dura e crua, neste segundo livro apresenta-se com uma escrita poética e emocionante, com muitas frases e passagens que nos faz reflectir sobre o que realmente importa ao ser humano, sobre o que somos e o que queremos verdadeiramente para o nosso presente e futuro.
Lembrei-me várias vezes do livro de Joseph Joffo,"Um Saco de Berlindes", porque também aqui vamos enveredar pela viagem e sobrevivência de dois irmãos (Jacob e Moisés) que procuram insistentemente voltar a reunir-se com os progenitores.
A acção passa-me na França, um país livre e que ninguém acreditava que fosse ocupado pelo regime nazi, inicialmente o autor faz referência ao Velódrome d'Hiver, que já referi aquando da leitura do livro "Chamava-se Sara" de Tatiana de Rosnay, onde várias judeus foram amontoados enquanto esperavam ser deportados para campos de trabalho.
Jacob assume o papel perfeito de irmão mais velho, uma posição ingrata já que também ele deveria estar a desfrutar da sua infância.
Encontramos situações divertidas, de pânico, mas acima de tudo deparamos-nos com pessoas de coração grande, que irão fazer com que a nossa crença e esperança no ser humano não seja toda generalizada de que são só maus a prosperar neste mundo louco.
Uma parte verídica e desconhecida para mim foi conhecer a aldeia e os habitantes de Le Chambon-sur-Lignon, uma aldeia afastada de França, uma montanha secreta, que se uniu contra tudo e todos para acolher judeus, um dos últimos lugares da Europa onde as pessoas continuavam a ser simplesmente pessoas e os seres humanos podiam viver em harmonia. Também desconhecia que a Argentina foi um dos países que acolheu mais judeus, convertendo-se numa terra de promissão para eles.
Vista geral de Le Chambon-sur-Lignon antes da II Guerra
São muitas histórias e factos cronológicos que este livro nos oferece, acima de tudo é uma óptima homenagem feita pelo autor aos milhares de pessoas que percorreram a Europa na esperança de uma mão amiga que os ajudasse a sobreviver. "Quero prestar a minha mais sentida homenagem a todos aqueles que ficaram pelo caminho, que nunca chegaram a ver os seus sonhos realizados, mas que tentaram."
"A solidão era ainda mais profunda quando o coração encontrava o caminho das lembranças."
"Não tinham muito dinheiro, mas tinham-se uns aos outros. Não há maior riqueza do que o amor, mas, quando o carinho se desvanece pela terrível força do destino, a miséria do desamor converte as pessoas em sombras de si próprias."
"O pior amigo da verdade é o silêncio, a pior mentira do mundo é que as pessoas comuns não podem fazer nada contra a tirania."
"Talvez este mundo esteja cada vez mais louco, mas encontrarão sempre boas pessoas nele. Há mais corações generosos por aí do que julgamos."
"Essa ideia de que é preciso dividir e ser equitativo é muito bonita, mas o ser humano não se move por altruísmo, o que realmente o impulsiona é a ambição."
"A comida tinha conseguido saciar o seu apetite, mas a alma precisa de um alimento que só se fabrica nos braços de uma mãe."
Opinião:
Nunca estive tão indecisa em avaliar um livro, como aconteceu com este, pelo tema abordado daria sem sombra de dúvida 5⭐, mas pela forma YA (young adult) como é escrito daria 3⭐.
Ultimamente não tenho tido um grande amor pelos livros YA, por vezes abordem temas de grande importância, mas numa forma bastante adolescente, se calhar sou eu que não tenho paciência para os "caprichos" dos mais novos, por outro lado é bom que os jovens se mostrem interessados neste género de livros, não apenas por mero prazer da leitura, mas para assimilar e tirar as suas próprias ilações dos temas abordados.
Por norma, lemos para nos instruir e não para praticarmos os mesmos erros.
O racismo é o tema principal, mas existem outros enredos bastante interessantes, as lutas entre os gangues rivais, a união familiar e a questão de se renunciar, ou não ao que nós somos.
Star vive com a família num bairro negro, altamente problemático, estuda numa escola fora do bairro, ela própria tem de adoptar duas personalidades, para encarar as duas realidades vividas tão diferentes uma da outra, a viver num bairro onde em cada esquina existe a hipótese de perigo constante, sempre foi instruída e protegida pelos pais quando fosse abordada por um agente da autoridade ou qualquer outro tipo de perigo:
"Mantenha as mãos à vista.
Não faça movimentos repentinos.
Só fale quando falarem com você"
Star estava alertada, mas o seu amigo de infância não, acabando por ser vítima da sua própria ignorância, Khalil sucumbe à bala diferida por um policia, Star é a testemunha principal para que o amigo tenha a máxima justiça, mas vai ter de enfrentar duras batalhas e barreiras bem mais difíceis do que a morte.
Houve momentos que me revoltou, outros que me fizeram sorrir, mas acima de tudo adorei a força de vontade de dar a volta por cima, um exemplo de que a união por vezes não muda nada, mas sem dúvida que nos dá força para seguir em frente.
Fiquei frustrada com a recta final, mas é assim mesmo a realidade, nem sempre a justiça é como desejamos...
9ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"
Categoria 14) Lê uma biografia ou uma história de vida
2ª Leitura do "Holocausto em Janeiro"
Opinião:
Para uma entusiasta do tema, este é certamente um dos primeiros livros a ser lido, mas por incrível que pareça nunca tinha lido "O Diário de Anne Frank", nem sequer o tenho para ler, por isso quando vi esta edição ilustrada fiquei com imensa curiosidade.
Quer este tema nos agrade ou não, acho que é indiscutível que todos conhecemos a história de Anne Frank, tal como escreveu o autor, "se quiséssemos verter todo o texto para uma versão gráfica sem saltar uma só palavra, honrando a carta que Anne escreveu, teríamos de trabalhar sobre mais de 3500 páginas, o que nos levaria a grande parte de uma década." Por isso acho que as 160 páginas são muito bem conseguidas, quer no desenvolvimento da história, quer nas ilustrações de David Polonsky, os vários relatos que Anne foi escrevendo no seu diário, a sua vida antes e durante a estadia no anexo em Amesterdão, o final, esse todos sabemos como termina...
Pois eu sabia o antes e o após, mas desconhecia o durante, aquele período em que oito pessoas têm de conviver num espaço reduzido, cada um com a sua personalidade, três jovens privados de crescerem num ambiente normal de juventude, a racionalização de comida, o medo de ser descoberto...
Sempre imaginei a Anne como sendo uma rapariga mimada e egoísta, mas agora só consigo sentir admiração por esta jovem incompreendida e que em muitos aspectos é bastante avançada, quer para a sua idade, quer para o seu modo de pensar e quer até para a sua época.
Até hoje, nunca se descobriu como o anexo secreto foi descoberto, existem algumas teorias, mas nenhumas certezas, eu pessoalmente fiquei bastante frustrada, depois de quase dois anos escondidos serem descobertos, quando a guerra se aproximava a passos largos do final, não consigo imaginar qual seria o estado de espírito destes moradores, para encarar o pior desafio de todos até então, a sua descoberta, prisão e consequentemente a morte...
Como já confessei não tenho o "Diário de Anne Frank", mas para complementar esta leitura, li este livro que (eu acho) é uma edição que só se vende na "Anne Frank House", o museu em memória de Anne. Achei bastante útil, em poucas páginas temos uma breve apresentação dos factos históricos do antissemitismo que envolveu a II Guerra Mundial, curiosamente, esses factos são apresentados com alguns exemplos da actualidade. O que é o quê! E o que não devemos voltar a fazer! Mas inevitavelmente todos nós sabemos que as minorias estão sempre em desvantagem. Que mais se pode fazer para que tal não volte a acontecer?
Cabe a cada um de nós, cidadãos livres, apelar e praticar o bem, quer seja para nós, quer para com os outros pelo, no passado foram uns, no presente e futuro poderemos ser nós...