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Livros # Desafios Literários # Aquisições # Opiniões
Sinopse:
A minha opinião:
Relato de um homossexual que sobreviveu às mãos dos nazis. Tal como tenho referido não foram só os judeus que sofreram na pele o racismo.
Rudolf Brazda abre as portas da sua vida, para relatar o seu passado, como foi preso (duas vezes antes de ser deportado), humilhado e enviado para o campo de concentração de Buchenwald a 8 de Agosto de 1942.
Por mais despercebido que passassem, as denúncias e o “faro” das SS quase não deram descanso a Rudolf, tiveram um parágrafo (nº 175) exclusivamente para designar as suas práticas, consideradas pecaminosas.
Os homossexuais ainda tiveram uma altura que respiraram de alívio, quando os nazis chegam ao poder em 1933, o SA Ernest Rohm (homossexual assumido), deu-lhes alguma esperança de ficarem de fora do olhar de Hitler, mas depois tudo mudou a seguir á Noite das Facas Longas a 30 de Junho 1934.
Mas voltariam a ser humilhados quando a 18 de Fevereiro de 1937 o SS Himmler declara que: “...se continuarmos assim, o nosso povo corre o risco de ser aniquilado por essa praga, os homossexuais são considerados indivíduos não reprodutores e assim não podem assegurar a perenidade da raça", também a masturbação entre os homossexuais era considerada perniciosa pelo regime nazi. Com este discurso de Himmler, os homossexuais deixam de responder por crimes morais e inicia-se uma autêntica caça aos homossexuais, tal como a outras minorias e aos judeus.
A inevitável deportação de Rudolf deu-se a 8 de Agosto de 1942, o campo de concentração de Buchenwald, fica no topo de uma colina de Ettersberg, o campo não era visível por quem olhasse de baixo, o nome significa “floresta de Faia”, tudo para dissimular a brutalidade do local, para se chegar ao campo só havia uma estrada através da densa floresta. Ao redor do campo havia pequenas casas para acolher os SS e as suas famílias, e até um zoo particular, todas estas instalações se espalhavam por 200 hectares.
“”Prenda o fôlego!”, diz o SS, antes de afundar a cabeça de Rudolf no líquido e mantê-la submersa. Rudolf se debate e engole o desinfectante. Quando, enfim, o SS deixa de fazer pressão, Rudolf consegue sair penosamente da cuba. Ele fica com uma náusea extrema e vomita, sob as risadas dos senhores do lugar que assistem à cena.
Começa o lento processo de desumanização.”
Os presos homossexuais não ficavam todos juntos nos mesmos barracões eram dispersos por todo o campo, acima do seu número e à altura do coração, todos os presos tinham de colocar um pequeno triângulo invertido feito de tecido colorido, o vermelho para presos políticos, o preto para os “antissociais”, o verde para os “criminosos profissionais”, para Rudolf a sua estrela era a rosa, para estigmatizar a homossexualidade.
Também os homossexuais eram uns dos alvos preferido para as frequentes experiências feitas por médicos nazistas nos campos de concentração, no final de 1944, o clínico geral Carl Vaerner acreditava ser possível fazer a “inversão da polaridade sexual” em homossexuais. Na virilha de alguns, foram implantadas glândulas artificiais. Os triângulos rosas eram as cobaias preferidas para estes testes.
Apesar de todos estes dissabores na sua vida, é gratificante ler quando Rodolf aos 98 anos diz que, “Se Deus existe, ele foi particularmente bom comigo, porque tive uma vida feliz e plena. E, se eu tivesse de refazer tudo, não mudaria nada, nem mesmo a minha passagem por Buchenwald!”
Rudolf Brazda, nasceu a 26 de Junho de 1913 e morreu a 3 de Agosto de 2011, era o último sobrevivente conhecido da deportação por motivos de homossexualidade. Fazendo seguimento às duas condenações por infracção ao parágrafo 175 do antigo código penal alemão, foi preso quase três anos no campo de concentração de Buchenwald. Imediatamente após a sua libertação, instalou-se em França onde vivia desde maio de 1945.