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Livros # Desafios Literários # Aquisições # Opiniões
Sinopse:
Opinião:
Quem se lembra destes rebuçados? Pois bem, o Joel não fala de flocos de neve no seu livro, mas eu lembrei-me deles porque me recorda a minha bisavó e avós, havia sempre um punhado deles para me oferecerem quando os visitava no campo (alentejano), obstante disso, devem de saber que se colocarem um na boca é quase impossível trincar, por isso a única solução é ir sorvendo o doce que vai saindo da bola redondinha que só assim vai minguando até desaparecer.
Mas perguntem você, Tânia o que é que os flocos de neve têm a ver com o livro? Eu respondo, tudo e nada. Para mim, "A Vida no Campo" foi como colocar um rebuçados destes na boca, de início quis trincar, mas quase fiquei sem "dentes", por isso tive de sorver o aroma desta leitura tão lentamente para tirar o máximo prazer possível deste doce. No fim fiquei tão consolada, que logo surgiu a frustração de não ter mais nenhum floco de neve para sorver.
O autor leva-nos a viajar pelo campo de Terra Chã, ilha Terceira, nos Açores, mas a meu ver podia ser qualquer campo do nosso Portugal, muitas das vezes não importa o local, mas sim o bem-estar que nele se encontra.
Em modo de diário, vamos sendo levados ao sabor do vento pelas quatro estações do ano e conhecer os habitantes, as histórias, os costumes, a entreajuda e entrega de um meio e de um povo que vive um dia de cada vez, mesmo que as mesmas conversas se prolonguem por alguns dias, mas desengane-se que o campo são só coisas boas ou que se trabalha menos, também aqui Joel vai nos dar a conhecer alguma parte “menos” boas do campo.
Por falar em coisas menos boas, desculpe Joel, não dei as 5* porque também tive momentos em que não consegui ter empatia com o seu campo dos Açores, talvez porque não o conheça, às vezes o facto de conhecer algo que toca aos outros, também é benéfico para quem esta a acompanhar a sua jornada. Para mim só existe uma pessoa que consegue aquecer o meu coração ao falar do campo, de um campo que eu bem conheço, o campo Alentejano e lamento mas não é o Joel, mas se calhar até tem conhecimento para isso, a passagem de ano em Marvão conseguiu dar um cheirinho de como o campo alentejano também é único, assim como o campo Açoriano.
Felizmente não sei o que é morar numa (grande) cidade, mas mesmo assim senti uma enorme diferença quando tive de deixar uma vila no Alentejo (razões profissionais do meu pai) para vir para uma cidade do Ribatejo (que por coincidência aparece referida no seu livro)... Os costumes eram diferentes, não conhecia ninguém, um completo começar do zero, mas com a particularidade de fazer o inverso daquilo que o nosso protagonista fez, não me posso queixar, pois actualmente vivo na periferia da minha cidade, onde a paisagem da Serra de Aires e Candeeiros predomina por completo a minha visão, é sem dúvida um cantinho que prezo muito e por isso gostei muito de sentir o quanto o cantinho do Joel nos Açores também é importante para ele.
Depois de ler este livro, fiquei com algumas respostas para a pergunta que me colocam algumas vezes: "Como é que consegues estar "ali" durante dias sem vir à cidade?"
Gosto da calma do sítio, gosto de contemplar as vistas, gosto do chilrear dos diversos passarinhos que por aqui passam, gosto de ver os coelhos a passearem como se não houvesse perigo, adoro ver os ouriços que de vez em quando dão o ar da sua graça, em suma, tenho tudo para me entreter.
Enfim, devo confessar que fico com alguma" pena" dessas pessoas, estão a perder os melhores anos enfiadas em multidões com conversas em que na maioria das vezes não interessam nada.
É caso para dizer: "E a burra, sou eu?" Então que seja, mas deixe-me continuar a ser burra e Feliz no meu campo...
Booktrailer do livro, para vos aguçar a curiosidade.
E vocês, gostavam de morar no campo? Já leram a experiência do Joel?
Beijokas