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"Restos Humanos" de Elizabeth Haynes - Opinião

por Tânia Tanocas, em 28.12.17

7ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"

Categoria 5) Lê um livro perfeito para um dia frio e chuvoso

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Opinião:

Autora de um dos melhores thrillers psicológicos que eu alguma vez já li (No Canto Mais Escuro), nunca mais foi editado mais nenhum dos seus livros em Portugal, entretanto já li (em BR) a "Vingança da Maré", mas não me encantou a 100%, mesmo assim resolvi insistir e decidi pegar neste com a esperança de que fosse o livro perfeito para um dia frio e chuvoso, confesso que não foi amor às primeiras páginas, as primeiras 80/90 páginas não me estavam a cativar, depois parece que surgiu um "clik" e logo a leitura fluiu de forma quase obsessiva. 

 

Achei a premissa bastante interessante e a estória que de início parecia não estar a fazer sentido logo se revelou bastante indispensável. Deste o início sabemos quem é o nosso psicopata (acho que este é o nome correcto para identificar o Colin), um homem com uma vida normal, mas com algumas patologias psicológicas bastantes macabras. 

Annabel, trabalha como analista de sistemas, funções meramente administrativas nas instalações de uma esquadra de polícia. 

A premissa é bastante audaz, vários corpos estão a ser encontrados já em estado de decomposição nas suas casas, não existem indícios de crime, mas a quantidade de corpos descobertos chama a atenção de Annabel, que descobre um padrão, padrão esse que ela bem conhece... 

 

Até onde sabemos quem são os nossos vizinhos, até que ponto os conhecemos, será até que sabemos se estão bem? A solidão é uma voz, que na maior parte das vezes não se ouve e neste mundo cada vez mais tecnológico essa voz vai sendo cada vez mais silenciada. 

Gostei do desenvolvimento do livro, vamos sabendo o que levou cada uma destas pessoas a definhar, acompanhamos o papel de Colin e consequentemente como Annabel vai passar pelo mesmo processo, sem que se dê conta de que está a um passo do abismo. 

 

Achei a escrita bastante pormenorizada, de tal forma que a maior parte das vezes nos deixa com aquela sensação de claustrofobia. 

Até que ponto um assassino pode ser considerado assassino, quando as mortes ocorrem por espontânea vontade dos seres humanos encontrados mortos? 

Será que estas mortes vão permanecer impunes e no esquecimento, tal como as suas vidas foram esquecidas? 

Muito bom, para onde está a caminhar a espécie humana, este livro coloca imensas questões para parar e reflectir... 

 

"Você conhece os seus vizinhos?

— Conheço, sim! Já faz alguns anos que moro na mesma casa, e somos bons amigos. Mas no último lugar em que morei, não era nada assim. Vivi lá durante cinco anos e não tinha a menor ideia de quem morava ao lado. E acho isso uma pena…

— Hum, sei. É mesmo, e não parece haver razão alguma para isso. Só precisamos ser cordiais e fazer um esforço para conhecer as pessoas. Não é preciso fazer amigos se não estiver a fim, mas nunca se sabe quando precisaremos uns dos outros, afinal de contas…

— E a população está envelhecendo, não é mesmo? Acho que daqui a alguns anos haverá muito mais idosos morando sozinhos, e ter vizinhos nos quais possam confiar é muito importante..."

 

"— Embora talvez ninguém desconfiasse de verdade, caso você fosse sumindo aos poucos — disse ela, alguns minutos depois.

— Sumindo de onde?

— Do Facebook. Quer dizer, se você tivesse a intenção de se afastar da sociedade, então, aos poucos, pararia de postar coisas no Facebook, não é? E, algum tempo depois, ninguém notaria sua ausência. Ou talvez notassem, e então poderiam enviar uma mensagem, um e-mail, mas se não recebessem resposta… bem, a maior parte dos nossos contactos não é realmente nosso amigo, não é? Amigos próximos, quero dizer. E aqueles que são, bem, e se você lhes dissesse que estava indo morar no exterior? Ou que seu computador quebrou, ou algo parecido? Quantos meses levaria até alguém se preocupar de verdade com por onde você anda?

— Eu não estou no Facebook — respondi."

 

"Você nunca se dá conta do que é a solidão até que ela começa a rastejar dentro de você, como uma doença; é algo que vai acontecendo progressivamente com você. E é claro que o álcool não ajuda: você bebe para esquecer como é uma merda viver assim e então, quando para de beber, tudo fica infernalmente pior. Então você continua bebendo para tentar apagar tudo."

 

"Ninguém olha nos seus olhos. E eu percebi que fazia anos e anos que ninguém havia mantido contacto visual comigo, e a última a fazer isso provavelmente foi Bev. Então, o que significava isso? O que podia significar? Se as pessoas pararem de olhar para você, você para de existir? Isso quer dizer que você não é mais uma pessoa? Isso quer dizer que você já está morto?"

 

"Aqueles que procuro são os que parecem estar vestindo as roupas com que foram dormir na noite anterior. Aqueles que saem à noite, por não conseguirem suportar as multidões. Não fazem compra durante o dia, pois acham que o som de crianças berrando pode perfurar seus tímpanos e lhes dar vontade de chorar também. Saem para as compras à noite, quando está calmo, escuro e ninguém os irá encarar, ninguém irá reparar neles, ninguém dirigirá um segundo olhar para eles. Percorrem o supermercado como se fossem invisíveis, porque é assim que se sentem. Em seus carrinhos haverá comida congelada, basicamente, pois só fazem compras uma vez por mês, se tanto. Levam uma lista na mão, por não quererem voltar, no caso de esquecerem de alguma coisa. Não estabelecerão contacto visual. Não falarão com ninguém."

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Esta foi a última opinião de 2017, a minha 64ª leitura, acho que posso afirmar que finalizei o ano em beleza... 

Para o ano há mais...  Beijokas... 

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Elizabeth Haynes é analista dos serviços secretos da polícia britânica. No Canto mais Escuro, que marca a sua brilhante estreia na ficção, foi traduzido em 27 línguas e editado em países como o Brasil, China, Japão, Alemanha ou Estados Unidos, e deixa antever uma promissora carreira literária. Haynes vive em Kent com o marido e o filho.

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publicado às 23:30

"A Quinta dos Animais" de George Orwell - Opinião

por Tânia Tanocas, em 27.12.17

6ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"

Categoria 8) Lê um livro que contenham algum elemento de fantasia

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Opinião:

Um livro que apesar de o querer muito ler, adiei durante bastante tempo, em parte porque tinha receio de ter uma escrita difícil (concluído em 1943) e depois porque as opiniões eram quase sempre dirigidas a questões políticas, mas nada dos meus receios se justificaram, este é mesmo daqueles livros em que só me arrependo de não o ter lido mais cedo.

 

Esta é uma fábula (será que a poderei considerar fábula?), pois para mim é uma fábula, com a particularidade de que a realidade se rivaliza com a fantasia, ou será ao contrário?
Uma forma criativa de criticar os actos dos humanos, transformando a rebelião de um grupo de animais em exemplos de certas atitudes e rumos a tomar.

 

Compreender como se forma uma ditadura, compreender como surge a inércia de um povo, compreender aquilo que ninguém compreende quando se tem liberdade para pensar livremente.
Quem ficará mal? Quem ganhará a luta? Sem dúvida que este livro é uma fábula que podemos tirar várias ilações, não só em termos políticos já passados, como no presente e futuro...

 

Quando perguntam como é que um povo não se revolta e aceitam impávidos e serenos as atitudes dos seus governantes, certamente vou aconselhar que lêem este livro, porque é sem dúvida um óptimo exemplo de explicação, sem rodeios onde qualquer pessoa irá certamente compreender como é que se formam as lavagens cerebrais, a subjugação dos ideias que só beneficia quem os dita, o que acontece quando a droga mais mortífera continua a ser o Poder...

 

Os Sete Mandamentos da filosofia do Animalismo:

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.

 

Entretanto os mandamentos vão alterando em proveito de quem está no Poder:

4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

Em resumo: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros..."

 

Para finalizar, aproveito para salientar que adorei esta edição da Antigona, além de ter o texto na íntegra, tem uma reflexão inicial acerca da fábula e vários apêndices do autor onde explica a origem e as dificuldades em publicar este livro. 

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George Orwell (1903-1950) é autor de importantes obras de ficção e de não ficção. Em 1945, publicou O Triunfo dos Porcos / A Quinta dos Animais, até hoje a sua obra mais popular a par com 1984, uma sátira pessimista sobre a ameaça de uma tirania totalitária no futuro, publicada em 1949.
Serviu na Polícia Imperial na Birmânia (agora Myanmar) e mais tarde lutou do lado dos Republicanos na Guerra Civil Espanhola. Pertenceu à Home Guard, uma importante organização de defesa do exército britânico, e trabalhou como correspondente de guerra para a BBC durante a Segunda Guerra Mundial.
George Orwell morreu em 1950, em Inglaterra, vítima de tuberculose. Escreveu também, entre outras obras, Dias da Birmânia (1934), O Caminho para Wigan Pier (1937) e Homenagem à Catalunha (1938).

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publicado às 23:00

5ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"

Categoria 9) Lê um livro sobre livros

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Opinião:

Este livro desiludiu-me bastante, confesso que o título e a capa são bem mais aliciantes do que propriamente o conteúdo. 

Se calhar quem estiver ambientado com as referências enunciadas se identifique com a leitura, mas a mim não me encantou. 

Um livro de não ficção com muitos factos literários, algumas angústias que todos os leitores se deparam com os seus livros, é bastante notório o cunho pessoal do autor, a sua experiência com a bibliofilia. 

O livro é curto (talvez tenha sido um problema pessoal), porque mesmo curto foi uma leitura bastante arrastada e penosa. 

Infelizmente, tirando uma ou outra passagem, em nada me permitiu ter gostado desta leitura como desejava. 

Espero que este livro tenha feito e faça as delícias de outros leitores, pois por aqui em (quase) nada contribui para afastar os fantasmas da minha (mini) biblioteca... 

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Jacques Bonnet é um editor e tradutor francês, além de bibliófilo e uma autoridade quando se trata de livros raros. Bonnet é considerado, juntamente com Umberto Eco, José Mindlín ou Alberto Manguel, um dos maiores especialistas em bibliofilia e teoria da leitura.

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publicado às 16:00

"Quero-te Morta" de Peter James - Opinião

por Tânia Tanocas, em 25.11.17

4ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017" 

Categoria 11)  Lê um livro que te foi oferecido

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Opinião:

Este livro foi-me oferecido o ano passado numa troca de Natal, era a sensação do momento, mas para mim o autor Peter James já não era uma novidade, já li e adorei "Despedida de Solteiro" e tenho mais dois livros para ler.
Por isso fiquei um pouco apreensiva quando cheguei até à página 193 e a leitura continuava um pouco aborrecida, já estava tão farta do ódio de Bryce, do fraco desenvolvimento das personagens e da acção, nem o facto de ser baseado em factos reais e do tema ser do meu agrado, contribuiu para o meu entusiasmo.
Até aqui não foi uma daquelas leituras ávidas que a todo o momento queria abrir o livro e ler mais umas páginas.

Depois, já em mais de metade do livro, as coisas começaram a ganhar algum andamento, mas mesmo assim fiquei um pouco desiludida com esta leitura.

 

Durante o livro vão surgindo peças aleatórias que aos poucos se vão encaixando, de salientar que este é o 10º livro da série "Roy Grace", mas que em nada afecta esta leitura. 

 

As peças principais são a Red e o seu ex namorado Bryce, mas também acompanhamos a vida privada e profissional do inspector Roy Grace, que é o anfitrião da série.

 

Red decide terminar a relação que tinha com o seu namorado, e é desafiada a colocar um anúncio num site de relacionamentos. Aparece um pretendente que se demonstra um autêntico príncipe, mas, existe sempre um mas...
Bryce não é bem aquilo que aparenta, mas Red está encantada, mesmo já sofrendo de alguma violência doméstica, só depois de ver as provas é que Red encara o Bryce como uma farsa e termina com o príncipe "desencantado".

 

Bryce tem uma vasta lista de nomes falsos, tal é a sua astúcia em se camuflar, com um passado sombrio e sem aceitar o final da relação, Bryce começa a perseguir Red, completamente paranóico, cego de desgosto e de ciúmes, a única finalidade da sua vida é destruir Red.

 

Será que este relato (baseado em factos reais) de "stalker" vai ter um final feliz, ou infeliz?

 

Não sei se tinha as minhas expectativas elevadas com esta leitura, mas em comparação com "No Canto Mais Escuro de Elizabeth Haynes, ou "Aqueles Que Merecem Morrer" de Peter Swanson, este livro ficou um pouco aquém do desejado.

Mesmo assim gostei do desfecho e de ler a percepção de um perseguidor e a perspectiva da vítima.

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Peter James estudou em Charterhouse, e depois na escola de cinema. Viveu nos Estados Unidos durante vários anos, onde trabalhou como argumentista e produtor de filmes, antes de regressar a Inglaterra. 
Os seus romances já foram traduzidos em 26 línguas. Todos os seus livros reflectem um profundo interesse pela medicina, a ciência e o paranormal.

Já venceu os Prémios de Melhor Escritor Policial do Ano de 2005 da Krimi-Blitz, na Alemanha, e Despedida de Solteiro venceu o Internacional Prix Polar 2006 e o Le Prix Coeur Noir 2007 em França. Peter James divide o seu tempo entre as suas casas em Notting Hill, Londres, e no Sussex.

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publicado às 14:00

3ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017"

Categoria 6) Lê um livro que fale de uma viagem

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Opinião:

Quando está na moda travar a imigração por parte dos EUA (quer seja com a construção de mais um muro, quer seja com decretos racistas), porque não compreender melhor as razões e as dificuldades de quem faz uma viagem de alto risco para ter uma vida mais digna (ou talvez não!), assim surgiu o meu interesse em ler esta viagem.

 

Não é uma viagem de lazer, é sim uma corrida desenfreada contra o tempo e quem for mais perspicaz talvez ganhe o acesso a um mundo diferente, mas muitas das vezes não necessariamente um mundo melhor. Editado em 2006, mas que em 2017 me parece tão actual...

 

O relato deste livro abrangeu cinco anos. Durante esse tempo a jornalista norte-americana Sonia Nazario, passou seis meses nas Honduras, Guatemala, México e Carolina do Norte. A viagem efectuada entre 2000 e 2003 foi realizada por causa de uma coluna para o jornal Los Angeles Time. Em consequência dessas viagens e entrevistas a coluna deu origem a este livro.

 

Lourdes, abandonada pelo marido e com dois filhos para criar, mora nos arredores de Tegucigalpa, nas Honduras. Ela mal tem dinheiro para alimentar Enrique, com cinco anos e a irmã, Belky, com sete . Nunca pôde comprar-lhes nenhum presente nem nenhum bolo de aniversário. Com 24 anos, Lourdes lava a roupa dos outros num rio lamacento. Anda de porta em porta a vender tortilhas, roupa usada e banana-pão.
No dia 29 de Janeiro de 1989, Lourdes parte para os EUA, em busca de uma vida melhor, deixando para trás os seus "bens" mais precisos.

 

A partir daqui acompanharmos o desenvolvimento desta família, da perspectiva dos vários elementos, mas é em Enrique que se foca a autora e qual foi o  trajecto da sua vida até ao momento em que coloca na sua cabeça a insistência de ir ao encontro da mãe.
Na sua maioria, as crianças que empreendem esta viagem não a terminam. Acabam por voltar novamente para a América Central, vencidas.
O Enrique estava decidido a ficar novamente com a mãe. Será que conseguiu?

 

As migrantes latinas acabam por pagar caro a ida para os Estados Unidos. Perdem o amor dos filhos. Quando se reúnem, o ambiente acaba por ser conflituoso. É frequente os rapazes procurarem os bandos, numa tentativa de obterem o amor que julgavam poder ter da mãe. E é frequente as raparigas engravidarem e constituírem família. Sob muitos aspectos, estas separações são devastadoras para as famílias hispânicas.

 

Já para não falar dos perigos que consiste em fazer esta viagem, todos querem ganhar algum proveito, mas também há quem, com o pouco que tem, dê algum conforto a estes passageiros.
Não é uma viagem fácil de se ler, mérito da autora que conseguiu pôr o dedo na ferida e abrir as nossas consciências.

 

Para finalizar, uma das críticas que li ao livro, foi a forma como este está escrito, eu pessoalmente gostei, a autora é jornalista e como já expliquei, a ideia do livro surgiu no seguimento de reportagens realizadas para um jornal, por isso a maneira pormenorizada dos factos descritos realça ainda mais o impacto da vida destas pessoas. Além de seguir a viagem pessoal de Enrique, Sonia não quis deixar de relatar os vários perigos e ajudas que vão surgindo, dar-nos a conhecer o impacto das economias e políticas, deixando bem claro que os homens e mulheres da América Central vivem em condições completamente sub humanas sem outras alternativas, senão a migração, a maior parte ilegal...

 

"No fundo, os políticos trancaram a porta da frente, mas escancaram a das traseira."

 

"Desde que começou a construção do muro, tanto triplicou o número de agentes a patrulhar a fronteira como o dinheiro gasto na aplicação da lei. O número de imigrantes ilegais no Estados Unidos aumentou mais rapidamente desde que começou a construção do muro. "

 

"Os imigrantes, sobretudo os mexicanos, tinham por hábito regressar após uma breve temporada de trabalho nos Estados Unidos. Agora, a maior dificuldade na travessia e o aumento dos custos implicam estadias mais prolongadas."

 

A parte que mais me emocionou foi o relato "Ofertas e Fé", nos estados de Oaxaca e Veracruz os habitantes (também eles, a viverem com bastantes dificuldades) têm por hábito oferecer comida e bebida aos passageiros do "comboio da morte". Já tinha visto um documentário acerca deste acto de benevolência, chamava-se "Llévate mis amores", deixo o trailer do documentário para vos elucidar sobre este acto que faz uma enorme diferença a quem não come, nem bebe nada durante dias.

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Sonia Nazario (nasceu a 8 de Setembro de 1960 em Madison, Wisconsin ) é uma jornalista americana conhecida principalmente pelo seu trabalho em Los Angeles Times. Escreveu sobre questões sociais por mais de duas décadas.

Ganhou o Prémio Pulitzer de 2003 com este livro. 

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publicado às 20:00

2ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017" 

Categoria 7)  Lê um livro em que as crianças sejam o ponto principal da história

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Opinião:

Já tinha referenciado aqui o quanto admiro o trabalho destas famílias de acolhimento em particular a Cathy que transpõe para o papel a sua vivência pessoal e profissional, não deve de ser fácil ver a rotina familiar ser "importunada" com a vinda destas crianças, carentes de tudo e mais alguma coisa e até da falta de disciplina.

 

Cathy recebe inesperadamente a proposta de acolher Donna de 10 anos que já se encontrava numa outra família de acolhimento com dois irmãos mais novos, os filhos de Cathy na altura estavam com 6 ano (Paula) e 10 anos (Adrian), concordando em acolher a menina, só aos poucos se vai apercebendo do desafio que tem entre mão, mas o primeiro contacto é arrebatador, Donna é uma criança demasiado alta para a sua idade e bem constituída. E era sem dúvida a criança de aspecto mais triste que Cathy alguma vez vira, de acolhimento ou não.

 

Já li alguns livros desta temática, escritos por pessoa que acolhem crianças em risco, mas este tocou-me bastante, a maneira como esta criança é negligenciada por parte da família chega a ser doentio, a determinada altura a autora diz que tem pena da mãe da Donna, eu só pensava em apertar-lhe o pescoço...
Esta é uma história muito mais psicológica do que física, concluindo que a violência psicológica pode fazer tanto ou mais mal do que a física, apesar de ambas serem condenáveis.

 

O facto dos dois filhos de Cathy serem também eles ainda crianças e agirem nas situações mais difíceis como crianças, origina-se aqui uma enorme lição para os adultos, estas crianças vão à sua maneira ensinar a perdoar, amar e apoiar uma outra criança que é constantemente sobressaltada pelos seu medos, anseios e a única coisa que ela quer é ser amada.

 

Adorei o epílogo e mais não posso dizer...

 

Uma história de vida muito emocionante, que ao mesmo tempo arrepia, também nos vai transmitindo uma onda de esperança. Para quem gosta de histórias do género vai adorar. Decididamente um livro em que as crianças são o ponto principal.

 

"Obrigado, obrigado por me darem um aniversário. Nunca tinha tido um aniversário."

 

"Quero que vocês todos gostem de mim. Por favor, não deixem de gostar de mim, Cathy. Eu preciso que gostem de mim."

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Cathy Glass é o pseudónimo literário de uma mãe de acolhimento de nacionalidade britânica. A sua experiência de cerca de 25 anos, durante os quais trabalhou com uma centena de crianças em situações problemáticas, é a sua fonte de inspiração para escrever livros comoventes que invariavelmente conquistam o público.

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publicado às 14:30

"Tua para Sempre" de Luanne Rice - Opinião

por Tânia Tanocas, em 13.11.17

1ª leitura do desafio "Christmas in the Books 2017" 

Categoria 3) Lê um livro epistolar (um livro em forma de carta)

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Opinião:

Livros epistolares dão-me sempre alguma nostalgia, uma maneira de recordar, a bonita forma de comunicação antes de todas as tecnologias existentes.

E sim, eu usei bastante a comunicação por cartas, era uma alegria receber notícias desta forma, apreciar o selo da carta, abrir cuidadosamente o envelope, perceber o cuidado na escolha do papel, sentir o aroma (sim, havia papel de carta perfumado, há falta desse papel, dava-se umas baforadas de perfume no papel), a arte de escrever manualmente cada palavras. Em alturas de festividade ainda envio algumas cartinhas, mas Infelizmente há muito que já não sou correspondida por essa via. 

 

As espectativas nesta leitura não estavam elevadas, pois as opiniões não eram nada favoráveis, este livro já andava cá por casa há alguns anos, comprei-o na fase em que os livros de Luanne Rice ainda não me tinham desiludido e também porque a estrutura gráfica do livro me despertou a atenção (um envelope que envolve o próprio livro, também trazia uns pequenos envelopes com uma folha de papel).

 

Em relação à estória, concordo com a maioria das opiniões, esperava outra coisa, a troca de correspondência até é bastante intimista, sentimentos bastante explícitos transmitidos por ambos, mas depois falta-lhe algo mais substancial.

 

Hadley, e Sam, eram o casal perfeito, mas a perda do filho Paul, num acidente de avião no Alasca altera a vida de ambos, do sofrimento da perda até ao divórcio, tudo é posto a nu nesta troca de cartas, iniciada por Sam, quando refere que se encontra no Alasca, numa iniciativa própria para ir ao sítio onde o avião que matou o filho se despenhou.

As memórias mais profundas são novamente expostas e a dor da perda volta a tomar conta deste casal, que elege a comunicação por cartas para dar uma nova oportunidade ao casamento ou extingui-lo de vez por todas...

 

Não desgostei, mas também não adorei.

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Luanne Rice é autora de mais de duas dezenas de livros, desde cedo revelou talento para a escrita, tendo publicado o primeiro poema aos 11 anos e a primeira história aos 15. Depois de uma passagem pela Universidade do Connecticut, teve vários trabalhos até se dedicar em exclusivo à escrita. 
Luanne Rice vive entre Nova Iorque e Old Lyme, no Connecticut, na casa onde costumava passar os Verões quando era criança.

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publicado às 14:30

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Opinião:

OK, gostei mas esperava outra coisa, quando se lê nas primeiras páginas que Flavia, uma criança órfã de mãe, com 11 anos, tem uma aptidão e paixão por química, usa duas tranças, com duas irmãs detestáveis inclusive uma delas a chamar-se Ophelia, na minha cabeça surgiu um enredo bem mais macabro, tipo o filme "A Órfã"...

 

Afinal de contas Flavia vai surgir como um Sherlock Holmes em ponto pequeno, com mais foco em deslindar um crime e ilibar o pai de que fazer maldades com a química. Ao deparar-se com um cadáver no seu jardim, o seu pai é o suspeito principal e é a pequena Flavia que irá investigar por conta própria, fazendo descobertas que repudiaria a maioria das crianças da sua idade.

 

A estória toma proporções interessantes, mas com descrições que se tornam em determinados momentos um tanto ou quanto aborrecidas e arrastadas, e a filatelia (tema principal) também não é muito do meu interesse.

 

Flavia por conta própria consegue avançar na investigação e depara-se com um caso que teve início há mais de trinta anos, incluindo o homem morto e o seu pai.

Irá Flavia de apenas 11 anos conseguir desvendar um caso de homicídio? Uma investigadora tão precoce que até deixa o comissário de queixo caído.

 

Ainda assim estou curiosa para ler o outro livro que tenho, nem que seja para ver se a "doce" Flavia se torna num potinho de veneno. 

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Alan Bradley nasceu em Toronto, e cresceu em Cobourg, Ontário. Formou-se em Engenharia Electrónica e trabalhou em várias estações de rádio e televisão, em Ontário, e no Instituto Politécnico de Ryerson (agora Ryerson University), em Toronto, antes de se tornar director de Engenharia de Televisão. Resolveu dedicar-se à escrita e publicou vários livros infantis antes de resolver a escrever um para adultos, A Talentosa Flavia de Luce, que se tornou de imediato um fenómeno.

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publicado às 17:00

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Opinião:

Uma autora de sucesso, não é a primeira vez que nos cruzamos, já tinha lido "O Mistério do Beco sem Saída", e gostei bastante, já não posso dizer o mesmo deste livro pois não me conquistou. Não fiquei fã do detective Pitt.

 

Quando existe alguém a desenterrar cadáveres todos ficam em alerta, principalmente quando um desses cadáveres é de um Lord abastado. Será uma forma de enviar uma mensagem para alguém ou talvez encobrir algo mais complicado!

 

Achei a estória com muitas personagens, com nomes tão pomposos que me deixou constantemente perdida, a única utilidade é que baralha por completo as hipóteses de desvendar o culpado e os motivos.

 

Mesmo assim gostei de conhecer os meandros da aristocracia de uma Londres vitoriana, a forma como desdenham dos mais desfavorecidos, a maneira prepotente de levar a vida, achei até interessante juntar e apresentar o lado mais fraco com o lado mais forte.

 

Não tenho mais livros da autora e sem querer desmotivar ninguém, para mim a experiência com a Anne fica por aqui.

 

"Todos nós temos facetas que preferimos não admitir. Facetas que racionalizamos com todo o tipo de argumentos que explicam por que razão são erradas nos outros mas perfeitamente justificadas no nosso caso."

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Anne Perry nasce em Outubro de 1938 em Londres e viveu no estrangeiro durante alguns anos, antes de se instalar na sua actual casa em Portahomack, na Escócia. 
É considerada uma das mais conceituadas escritoras da literatura policial das últimas décadas. No centro das suas histórias encontra-se a Inglaterra vitoriana, fechada como um casulo, num conjunto de rígidas regras de conduta social. 
Escreve duas séries distintas, uma protagonizada por Thomas Pitt, um detective da polícia de origem social modesta, e por Charlotte, uma jovem de boas famílias, e a outra pelo detective amnésico William Monk. Ambas as séries são inspiradas em personalidades da época e os casos em que os detectives se envolvem conservam reminiscências de crimes realmente acontecidos. Anne Perry desvenda-nos, de forma magistral, todo o complexo universo vitoriano.

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publicado às 13:00

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Opinião:

Arnaldur Indridason, já não é uma estreia para mim, li "A Voz", mas não fiquei muito gulosa, achei fraquinho no meio de tanto potencial, mas desejava dar ao autor uma segunda oportunidade e apesar do autor ter outro livro "O Mistério do Lago", este foi o escolhido para a derradeira segunda oportunidade.

 

Confesso que depois de várias leituras medianas, estava sedenta de uma leitura que me preenchesse e sem estar nada à espera eis que surge esta misteriosa estória que nos agarra quase sem darmos conta.

 

Mais uma vez o inspector Elendur é o nosso protagonista, depois de ter sido encontrado um osso humano vamos ter várias linhas de investigação, até porque o crime terá sido realizado à vários anos, tornando quase impossível de desvendar.

 

Em simultâneo com a investigação, Elendur vai travar uma dura prova na sua vida particular, a filha Eva vai lutar pela vida. Enquanto a investigação se revela um caso de violência doméstica e corrupção, Elendur vai também recapitulando a sua vida, até ao ponto de ruptura a que ela chegou.

 

Gostei muito deste livro, não só em relação ao tema, mas a maneira como ele é desenvolvido, houve momentos que pensamos que a conclusão está para breve, mas o autor consegue colocar o suspense até às últimas páginas. 

 

Não tenho mais livros do autor, mas fiquei bastante entusiasmada em ler mais. Não sei se os outros livros será uma continuação da relação familiar do protagonista, mas gostava muito de saber como é a continuação da sua vida pessoal.

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Arnaldur Indridason (Reiquejavique, 1961) é historiador, jornalista e crítico literário e de cinema. Durante vinte anos trabalhou para o Morgunbladid, o mais importante diário da Islândia, antes de se dedicar à escrita a tempo inteiro. Com traduções disponíveis em mais de quarenta línguas, os seus romances rapidamente se tornaram bestsellers. A sua vasta obra tem recebido inúmeros prémios, entre os quais se destacam o The Glass Key (2002 e 2003), atribuído pela Associação Escandinava do Romance Policial, e o CWA Gold Dagger.

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publicado às 17:30


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